domingo, 29 de março de 2009

O mundo (da Fórmula 1) de cabeça pra baixo

Não houve torresmo nem cerveja, mas salgadinhos e refrigerantes que sobraram da festa de minha sobrinha. Assim foi como acompanhei a primeira etapa da Fórmula 1. O Grande Prêmio da Austrália tem tudo para entrar para a história. Não propriamente pelo resultado, mas pelo seu significado.
A categoria não é mais a mesma. As mudanças nas regras deste ano, impulsionada pela necessidade de se adaptar à uma conjuntura de crise do capitalismo (não existe esporte mais capitalista do que esse) provocaram transformações na correlação de forças entre as equipes, com resultados surpreendentes. Gostaria de fazer algumas considerações:

Brawn GP: Fantástico carro. Mostrou nos treinos e comprovou durante a corrida nas mãos de Button. Tenho que confessar que durante a pré-temporada em Barcelona, acreditava que os tempos da ex-Honda eram apenas fogo de palha. Desconfiava que os carros brancos estivessem bem abaixo do peso e comparava esses resultados com a pré-temporada da Ferrari em 1988, quando fez os melhores tempos, mas foram atropelados pela McLaren durante o ano. Estava errado. Esses carros são excelentes. Bem desenhados, se encaixaram perfeitamente com o motor Mercedes (lembrando que o carro foi projetado para o motor Honda). São a sensação da temporada, vencerão corridas, mas não acredito no título este ano. Simplesmente porque as outras equipes irão correr atrás do prejuízo.

Barrichello: Gosto dele. Considero um bom piloto não reconhecido pela imprensa. Mas ainda trás velhos problemas. O primeiro é o fato de ele quase sempre largar mal, como na Austrália. Isso vem deste o tempo da Jordan. O segundo é que ele não consegue ser veloz durante uma corrida inteira. Ele é rápido em treino, mas ele não consegue ser constante toda a corrida como fazia Schumacher e Alonso. Nisso Button tem vantagem sobre o companheiro. Mas não duvido que ele vá ter seu melhor ano em 2009.

Ferrari e Massa: É meus amigos, como ferrarista estou preocupado. Não estão maus como a McLaren, mas percebo um problema caro nos carros de Maranello. Posso estar errado, mas eles saem muito de traseira. Várias vezes o Felipe Massa rebolava nas curvas e acredito que isso foi a causa da rodada de Raikkonen. Mas Ferrari é Ferrari, e o sangue vermelho fala mais alto. Eles com certeza irão se recuperar já nas próximas corridas e duelaram de frente com a Brawn. E Massa dá pinta de se impor sobre seu companheiro. Será o seu ano.

McLaren: Faz-me lembrar uma saudosa equipe vitoriosa que se mergulhou em erros grotescos e se afundou na lama. Pena.

Pneus slick: Que bom vê-los novamente. É lindo aquele balé dos carros antes da largada. Esses pneus dão uma aderência mecânica que faltava para as disputas de freadas. Mas vejo problemas neles em relação a o regulamento. Os pneus macios não duram nem dez voltas, mas pelo fato de serem obrigatórios nas corridas, acredito que a fábrica terá que desenvolve-los rapidamente.

KERS: Eta pecinha! Adorei este novo recurso da Fórmula 1. Um ingrediente a mais para as disputas de posições. É incrível a potência despejada no motor quando usado, apesar dele não garantir a vitória para ninguém (pelo menos até agora). A TV mostrou bem sua utilidade, quando a câmera on boad de Hamilton mostrou seu uso em plena reta. Parece injeção de nitro. Ou melhor, lembra a era Turbo.

Narração: Pelo amor de Deus, o Galvão Bueno fala muita besteira, mas o Cléber Machado é uma toupeira completamente perdida. Mais de 15 anos narrando corridas e ainda não tem voz e inteligência para esse tipo de coisa. O jeito é fazer como meu amigo: emudecer a televisão e colar o ouvido no radinho.

Bom gente, este ano promete. Pelo menos a crise teve um lado bom. Virou o mundo da Fórmula 1 de cabeça para baixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário