Esta matéria foi publicada no IG EDUCA, do portal do IG, no dia 5 de maio último.
Uma prévia da pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) constatou que a maior preocupação dos brasileiros é o ensino. O levantamento já ouviu 360 mil pessoas em todo o país, e questionou o que precisa mudar no Brasil. Até o momento, 20% dos entrevistados se declararam preocupados com o ensino.
O fato de a maior parte das pessoas considerarem a educação como o maior problema do Brasil é bastante significativo, uma vez que a pesquisa não dá alternativas de resposta. O término da pesquisa - que pretende ouvir 400 mil pessoas ao todo - e da análise dos dados deve ocorrer até o fim de maio. A pesquisa faz parte da Campanha Brasil Ponto a Ponto, iniciada em novembro de 2008. Quem quiser participar pode acessar o site da campanha.
Opinião se repete
Em 2006, uma pesquisa de opinião feita pelo governo federal, parte do programa Brasil Três Tempos, teve conclusão similar. Entre 50 temas de políticas públicas, a educação ficou em primeiro lugar como prioridade.
Um outro estudo, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), feito em 2007 identificou entre os jovens a mesma preocupação com o ensino.
Qualidade
Dentre os que citaram educação como prioridade no estudo do PNUD, a maior parte se mostrou mais interessada na melhoria da qualidade do ensino, traço que vem sendo discutido com freqüência. O censo de 2000 do IBGE mostrou que apenas cerca de 6 milhões de brasileiros possuem diploma de nível superior.
Este ano, uma prova entre alunos do ensino fundamental da rede pública do Rio de Janeiro teve altos índices de reprovação.
Os dados do último Enem, divulgados na última semana, também demonstraram a má qualidade do ensino nas escolas públicas estaduais. Das mil escolas com piores notas no exame, 965 eram públicas estaduais. Já entre as mil melhores, somente 36 eram dos estados. Os números são significativos já que as escolas estaduais da rede pública concentram 85% dos alunos de ensino médio no Brasil.
Permanência nas escolas
Apenas 2,5 % das crianças entre 7 e 14 anos estão fora da escola. O dado parece animador. Contudo, um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que essa cifra engana, já que o número de alunos matriculados é bem superior ao número de alunos que realmente freqüentam as aulas.
De acordo com a FGV, o déficit escolar no Brasil é, na verdade, de 17,7%, quando levada em conta a frequência escolar, e não apenas a matrícula. O estudo ainda mostrou que os alunos brasileiros com até 17 anos permanecem, em média, menos de três horas diárias em sala de aula, enquanto a legislação exige quatro horas.
Além de os alunos ficarem menos que o devido, a exigência legal é pequena, segundo Marcelo Neri, responsável pelo estudo. Ele cita que na África do Sul a carga horária é maior: de seis horas de aula por dia.
MEC propõe mudanças
Visando melhorar o ensino no país, o Ministério da Educação fez uma proposta de trocar as disciplinas do ensino médio por áreas de conhecimento. Assim, as 12 matérias que existem hoje seriam substituídas por cinco áreas: línguas, matemática, humanas, exatas e biológicas. A proposta será analisada esta semana pelo Conselho Nacional de Educação.
Para o MEC, o currículo atual é muito fragmentado e o aluno não vê interdisciplinaridade ou aplicabilidade no que é ensinado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.
O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será um incentivador desse novo sistema, pois também não terá divisão por disciplinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário