Em muitos artigos, publicados ou não, tenho defendido a necessidade de repensarmos a educação em nosso país. Que era necessário destruirmos a educação institucional e criarmos, sob novas bases e princípios, uma educação libertadora que transformasse a sociedade (ou a realidade social).
Infelizmente algumas pessoas tem me interpretado mal. Não que são contrárias a qualquer tipo de transformação, mas por acreditarem que a educação é a tática e a estratégica únicas para transformar a sociedade. Desculpe, mas esta interpretação está equivocada.
A educação existente em uma sociedade é o reflexo da ideologia dominante nessa mesma sociedade. No caso na escola pública, a educação está sob a direção, gestão e controle direto do Estado, que por sua vez, como diria Marx, é o comitê central da classe dominante.
Então nos encontramos numa grande contradição. Ao defendermos simplesmente e unicamente a destruição da velha idéia de educação e a construção de uma nova, acreditaremos que poderemos mudar a sociedade. Como faríamos isso se a educação institucional está sob controle do Estado, como disse acima?
Alguns profissionais da educação insistem em dizer que a educação é o ÚNICO caminho para a transformação. Mas ao dizer que “transformar a escola e modificar por seu intermédio a própria sociedade” (PONCE, 1998, p. 162) é negar a mecânica da transformação social, e acima de tudo, negar que os fatores econômicos é que determinam a realidade social. Modificar a infra-estrutura não irá fazer com que se transforme a supre-estrutura e a própria estrutura.
Será que EU estou entrando em contradição? Deixe-me explicar. A construção de uma nova idéia de educação deve ser o meio, e não o fim, para transformar a sociedade. A burguesia está no poder, e enquanto ela estiver nunca haverá uma transformação institucional da escola, mesmo com tantos esforços físicos e intelectuais dos que tanto a desejam. Se for preciso o Estado burguês não hesitará em expor professores rebeldes em suas forcas. “Enquanto a sociedade dividida em classes sociais não desaparecer, a escola continuará sendo uma simples engrenagem dentro de um sistema geral de exploração, e o corpo de mestres e professores continuará sendo um regimento, que, como os outros, defende os interesses do Estado.” (PONCE, p. 182)
Quando falo em transformação pela educação, falo em trabalhar a educação como uma trincheira do proletariado na sua luta pela sua emancipação. “(...) a educação não é um fenômeno acidental dentro de uma sociedade de classes, e que, para renová-la de verdade, é necessário transformar desde a base o sistema econômico que a sustenta.” (PONCE, p. 177). Somente tendo consciência que a luta e a ação direta do proletariado pode levar a sua própria emancipação. Se nós quisermos ter uma verdadeira educação, que leve o aluno a formar e a se desenvolver assegurando uma vida digna liberta e culta, tanto no individual quanto principalmente coletiva, temos que nos lançarmos à luta pela ruptura do sistema.
Por isso que, de imediato, a educação deve ser trabalhada com esse objetivo. Construir uma idéia de transformação, de conhecimento de sua própria realidade, da necessidade de organização e, fundamentalmente, da construção de uma consciência de classe. É realizar a transição nos alunos de classe em si para classe para si (MARX, 2006). Somente a partir daí, com uma formação consciente, mesmo que marginal, as transformações reais em nossa sociedade realmente poderão acontecer.
Receita nova, absurda? Não. A burguesia usou de mesmas armas no século XIX para se libertar da nobreza e assim conseguir destruir o Antigo Regime e construir a sociedade capitalista atual.
Confesso que isso não é fácil, muito pelo contrário. A grande maioria de nós professores não tem a idéia desta necessidade. Muitos daqueles acreditam que se forçarmos algumas reformas por dentro da ordem institucional do Estado, poderemos então alcançar as desejadas transformações. Doce ilusão. Precisamos avançar nossas mentes e nossos conhecimentos num outro sentido.
Repensarmos o papel da educação e da escola, entender a mecânica e a realidade social, atuar politicamente nos sindicatos e nos meios acadêmicos, construir uma nova idéia de educação através de um trabalho coletivo nas universidades e nos centros formação pedagógica, com os professores minando as velhas doutrinas impregnadas pela ideologia burguesa, são as tarefas fundamentais para a construção de uma nova sociedade, onde o homem será livre em sua excelência, aproveitando ao máximo o conhecimento formado em si e em sua coletividade.
Bibliografia:
MARX, Karl. FRIEDRICH, Engels. O Manifesto Comunista de 1848. São Paulo. Editora Paz e Terra. 16.ª Edição. 2006
PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. São Paulo. Editora Cortez. 16ª edição. 1998
Infelizmente algumas pessoas tem me interpretado mal. Não que são contrárias a qualquer tipo de transformação, mas por acreditarem que a educação é a tática e a estratégica únicas para transformar a sociedade. Desculpe, mas esta interpretação está equivocada.
A educação existente em uma sociedade é o reflexo da ideologia dominante nessa mesma sociedade. No caso na escola pública, a educação está sob a direção, gestão e controle direto do Estado, que por sua vez, como diria Marx, é o comitê central da classe dominante.
Então nos encontramos numa grande contradição. Ao defendermos simplesmente e unicamente a destruição da velha idéia de educação e a construção de uma nova, acreditaremos que poderemos mudar a sociedade. Como faríamos isso se a educação institucional está sob controle do Estado, como disse acima?
Alguns profissionais da educação insistem em dizer que a educação é o ÚNICO caminho para a transformação. Mas ao dizer que “transformar a escola e modificar por seu intermédio a própria sociedade” (PONCE, 1998, p. 162) é negar a mecânica da transformação social, e acima de tudo, negar que os fatores econômicos é que determinam a realidade social. Modificar a infra-estrutura não irá fazer com que se transforme a supre-estrutura e a própria estrutura.
Será que EU estou entrando em contradição? Deixe-me explicar. A construção de uma nova idéia de educação deve ser o meio, e não o fim, para transformar a sociedade. A burguesia está no poder, e enquanto ela estiver nunca haverá uma transformação institucional da escola, mesmo com tantos esforços físicos e intelectuais dos que tanto a desejam. Se for preciso o Estado burguês não hesitará em expor professores rebeldes em suas forcas. “Enquanto a sociedade dividida em classes sociais não desaparecer, a escola continuará sendo uma simples engrenagem dentro de um sistema geral de exploração, e o corpo de mestres e professores continuará sendo um regimento, que, como os outros, defende os interesses do Estado.” (PONCE, p. 182)
Quando falo em transformação pela educação, falo em trabalhar a educação como uma trincheira do proletariado na sua luta pela sua emancipação. “(...) a educação não é um fenômeno acidental dentro de uma sociedade de classes, e que, para renová-la de verdade, é necessário transformar desde a base o sistema econômico que a sustenta.” (PONCE, p. 177). Somente tendo consciência que a luta e a ação direta do proletariado pode levar a sua própria emancipação. Se nós quisermos ter uma verdadeira educação, que leve o aluno a formar e a se desenvolver assegurando uma vida digna liberta e culta, tanto no individual quanto principalmente coletiva, temos que nos lançarmos à luta pela ruptura do sistema.
Por isso que, de imediato, a educação deve ser trabalhada com esse objetivo. Construir uma idéia de transformação, de conhecimento de sua própria realidade, da necessidade de organização e, fundamentalmente, da construção de uma consciência de classe. É realizar a transição nos alunos de classe em si para classe para si (MARX, 2006). Somente a partir daí, com uma formação consciente, mesmo que marginal, as transformações reais em nossa sociedade realmente poderão acontecer.
Receita nova, absurda? Não. A burguesia usou de mesmas armas no século XIX para se libertar da nobreza e assim conseguir destruir o Antigo Regime e construir a sociedade capitalista atual.
Confesso que isso não é fácil, muito pelo contrário. A grande maioria de nós professores não tem a idéia desta necessidade. Muitos daqueles acreditam que se forçarmos algumas reformas por dentro da ordem institucional do Estado, poderemos então alcançar as desejadas transformações. Doce ilusão. Precisamos avançar nossas mentes e nossos conhecimentos num outro sentido.
Repensarmos o papel da educação e da escola, entender a mecânica e a realidade social, atuar politicamente nos sindicatos e nos meios acadêmicos, construir uma nova idéia de educação através de um trabalho coletivo nas universidades e nos centros formação pedagógica, com os professores minando as velhas doutrinas impregnadas pela ideologia burguesa, são as tarefas fundamentais para a construção de uma nova sociedade, onde o homem será livre em sua excelência, aproveitando ao máximo o conhecimento formado em si e em sua coletividade.
Bibliografia:
MARX, Karl. FRIEDRICH, Engels. O Manifesto Comunista de 1848. São Paulo. Editora Paz e Terra. 16.ª Edição. 2006
PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. São Paulo. Editora Cortez. 16ª edição. 1998
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