domingo, 29 de março de 2009

O mundo (da Fórmula 1) de cabeça pra baixo

Não houve torresmo nem cerveja, mas salgadinhos e refrigerantes que sobraram da festa de minha sobrinha. Assim foi como acompanhei a primeira etapa da Fórmula 1. O Grande Prêmio da Austrália tem tudo para entrar para a história. Não propriamente pelo resultado, mas pelo seu significado.
A categoria não é mais a mesma. As mudanças nas regras deste ano, impulsionada pela necessidade de se adaptar à uma conjuntura de crise do capitalismo (não existe esporte mais capitalista do que esse) provocaram transformações na correlação de forças entre as equipes, com resultados surpreendentes. Gostaria de fazer algumas considerações:

Brawn GP: Fantástico carro. Mostrou nos treinos e comprovou durante a corrida nas mãos de Button. Tenho que confessar que durante a pré-temporada em Barcelona, acreditava que os tempos da ex-Honda eram apenas fogo de palha. Desconfiava que os carros brancos estivessem bem abaixo do peso e comparava esses resultados com a pré-temporada da Ferrari em 1988, quando fez os melhores tempos, mas foram atropelados pela McLaren durante o ano. Estava errado. Esses carros são excelentes. Bem desenhados, se encaixaram perfeitamente com o motor Mercedes (lembrando que o carro foi projetado para o motor Honda). São a sensação da temporada, vencerão corridas, mas não acredito no título este ano. Simplesmente porque as outras equipes irão correr atrás do prejuízo.

Barrichello: Gosto dele. Considero um bom piloto não reconhecido pela imprensa. Mas ainda trás velhos problemas. O primeiro é o fato de ele quase sempre largar mal, como na Austrália. Isso vem deste o tempo da Jordan. O segundo é que ele não consegue ser veloz durante uma corrida inteira. Ele é rápido em treino, mas ele não consegue ser constante toda a corrida como fazia Schumacher e Alonso. Nisso Button tem vantagem sobre o companheiro. Mas não duvido que ele vá ter seu melhor ano em 2009.

Ferrari e Massa: É meus amigos, como ferrarista estou preocupado. Não estão maus como a McLaren, mas percebo um problema caro nos carros de Maranello. Posso estar errado, mas eles saem muito de traseira. Várias vezes o Felipe Massa rebolava nas curvas e acredito que isso foi a causa da rodada de Raikkonen. Mas Ferrari é Ferrari, e o sangue vermelho fala mais alto. Eles com certeza irão se recuperar já nas próximas corridas e duelaram de frente com a Brawn. E Massa dá pinta de se impor sobre seu companheiro. Será o seu ano.

McLaren: Faz-me lembrar uma saudosa equipe vitoriosa que se mergulhou em erros grotescos e se afundou na lama. Pena.

Pneus slick: Que bom vê-los novamente. É lindo aquele balé dos carros antes da largada. Esses pneus dão uma aderência mecânica que faltava para as disputas de freadas. Mas vejo problemas neles em relação a o regulamento. Os pneus macios não duram nem dez voltas, mas pelo fato de serem obrigatórios nas corridas, acredito que a fábrica terá que desenvolve-los rapidamente.

KERS: Eta pecinha! Adorei este novo recurso da Fórmula 1. Um ingrediente a mais para as disputas de posições. É incrível a potência despejada no motor quando usado, apesar dele não garantir a vitória para ninguém (pelo menos até agora). A TV mostrou bem sua utilidade, quando a câmera on boad de Hamilton mostrou seu uso em plena reta. Parece injeção de nitro. Ou melhor, lembra a era Turbo.

Narração: Pelo amor de Deus, o Galvão Bueno fala muita besteira, mas o Cléber Machado é uma toupeira completamente perdida. Mais de 15 anos narrando corridas e ainda não tem voz e inteligência para esse tipo de coisa. O jeito é fazer como meu amigo: emudecer a televisão e colar o ouvido no radinho.

Bom gente, este ano promete. Pelo menos a crise teve um lado bom. Virou o mundo da Fórmula 1 de cabeça para baixo.

sábado, 28 de março de 2009

Lênin...


Quanto mais zelosamente os governos e a burguesia de todos os países procuram desunir os operários e lançá-los uns contra os outros(...), tanto mais imperioso é o dever do proletariado consciente de defender a sua coesão de classe, o seu internacionalismo, as suas convicções socialistas (...)Num momento da maior importância histórica mundial, a maioria dos dirigentes da Internacional Socialista tenta substituir o socialismo pelo nacionalismo.[1]

(Vladimir Ilitch Ulianov, alias, Lenin)

"Quem paga a banda escolhe a música"


Alguém já ouviu esse ditado? Ele se encaixa perfeitamente no mais novo escandolo político brasileiro. Nos últimos dias o Brasil ficou sabendo dos vantajosos apoios financeiros da Empreitera Camargo Corrêa à diversos partidos burgueses e burocratas, com intermédio do "senhor" Paulo Skaf, presindente da FIESP. A grande discussão é se esses apoios financeiros são legais ou estão fora da regularidade eleitoral.

Acredito que a questão não é essa. Ilegal ou não preciso analisar como no mínimo imoral. Explicarei por quê.

Nenhuma empresa capitalista apoia um candidato (ou partido) acreditando ser apenas uma preferência política. Os grandes empresários financiam candidatos com o objetivo de criar laços que garantam futuros contratos ou apoios com o governo. Nesse caso empreiteiras buscam laçar acordos que lhe possam garantir contratos milionários. Isto é, interesses privados movem esses financiamentos à candidatos, tanto no executivo e no judiciário.

Legal ou não, isso se torna imoral politicamente pois os interesses publicos (de todo o povo) é deixado de lado em favor de particulares. Isso é conhecido como Lobby.

O fim da fronteira entre o público e o privado.

Infelizmente essa prática é muito comum no Brasil, e não ocorre apenas em Brasília. Isso pode ser encontrado até mesmos nos pequenos municípios. É só olhar a prestação de contas de muitos candidatos a prefeito em sua cidade. Observe quem financia e analise seus interesses.

É por isso que a sociedade têm que debater sobre as necessárias reformas políticas. Reformas profundas, acredito, devem ser realizadas a fim de se acabar com práticas absurdas que ainda vemos no Brasil. Discuta isso em sua casa, na escola, com os amigos. Precisamos acordar para essa realidade.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Violência nas Escolas


Esta última semana surgiu uma enxurrada de notícias sobre violência dentro das escolas, principalmente agressão de alunos contra professores. Apesar de grande espaço na mídia nos últimos dias, isso é apenas um reflexo da situação que se encontra amuito tempo nossas escolas.

A culpa é de quem? Dos alunos? De suas famílias, que não conseguem garantir uma educação domiciliar e familiar inicial? dos professores, que não estão preparados para uma nova realidade social? Do Estado, com suas políticas públicas fracassadas? Do sistema, que nos empurra um sistema capitalista excludente que se reflete na escola brasileira? Na verdade é tudo isso e mais um pouco. Não tenho todas as respostas, apenas mais perguntas.

Para refletir sobre isso, deixo aqui uma matéria enviada a mim pelo meu amigo Amauri, sobre o caso ocorrido na última segunda-feira.



Após ter ser agredida por uma aluna dentro da escola e ter sofrido um traumatismo craniano, a professora Glaucia da Silva, 25 anos, afirma que não pretende retornar para a escola mais. A agressão ocorreu na segunda-feira (23). "Para lá, não volto mais", diz. Ela conta que estava dando aula quando algumas meninas vieram correndo até a porta da sua sala, bateram com o pé e saíram gritando pelos corredores.

"Como estava atrapalhando a minha aula, fechei a porta. Comecei a ouvir desaforos. Depois, saíram correndo. Fui até a direção e comuniquei [o fato]. A direção chamou algumas meninas. Quando voltei para a sala, meus alunos disseram que tinha uma outra menina, da 8ª série, que também estava envolvida, que eu não tinha visto", afirma.


Glaucia conta que foi, então, até a sala dessa aluna e pediu que descesse até a direção. "Ela disse que não iria porque eu não mandava nela, eu não era professora dela e eu não era ninguém. Eu disse que ela iria descer, sim, porque não era a primeira vez que fazia isso."
Ela diz que, nesse momento, virou as costas e foi agarrada pelos cabelos, por trás, e derrubada no chão. "Quando ela me derrubou no chão, caí de lado e bati a cabeça. Ela continuou me agredindo. Eu tentei proteger o rosto, ela me arranhou todo o pescoço, me deu socos e chutes." A professora afirma que não teria jogado chá em um primo da aluna, como a adolescente disse. Ela nega ter usado termos racistas para se referir à aluna. "Eu disse que aquela reação era bem coisa dela, posso ter dito que era coisa de uma vileira, mas não utilizei nenhum termo racista." (* Com informações do Zero Hora)

terça-feira, 24 de março de 2009

Trabalhadores em educação vão parar

Esta matéria foi publicada no CNTE Informa 474, da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, no dia de hoje. É a greve nacional sendo construída.



Os trabalhadores em educação lutam para implementar o Piso Salarial Profissional Nacional. A lei estabelecendo o valor do piso em R$ 950,00 não está sendo cumprida. A categoria vai parar. A data e duração da greve nacional pelo piso serão definidas no próximo dia 3 de abril, durante a reunião o Conselho Nacional de Entidades da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Um dia antes, 2 de abril, a CNTE e suas afiliadas realizarão um grande ato público em frente ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília, para exigir o cumprimento da Lei 11.738/08, a publicação do acórdão referente à liminar concedida à ADI 4167, e o julgamento do mérito da ação movida contra a Lei do Piso pelos governadores considerados “Inimigos da Educação, Traidores da escola pública”. Professores que ainda recebem menos de R$ 950,00 vão apresentar seus contracheques.
É importante a participação de todos nessa mobilização. Também será cobrada a publicação do acórdão relativo à ADI 3772, que estendeu a contagem do tempo da aposentadoria especial do magistério para os professores que desempenharam, ao longo da carreira, funções de direção escolar, coordenação ou assessoramento pedagógicos.
Como parte das ações pelo piso, a CNTE, a presidência da Comissão de Educação da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT/RS) e a presidência da Frente Parlamentar em Defesa do Piso, deputada Fátima Bezerra (PT/RN), estão solicitando audiência com o presidente do STF, Gilmar Mendes, e com o ministro Menezes Direito (encarregado em produzir o acórdão da liminar à ADI 4167), para cobrar o imediato julgamento do mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei do Piso.
A CNTE aproveita para convocar um representante das afiliadas nos estados para participar, também no dia 2 de abril, da audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, para informar aos parlamentares a situação do piso nas diversas regiões do país. A audiência começa às nove horas.
A Confederação convoca ainda os sindicados filiados a acompanhar a votação das diretrizes nacionais de carreira para os profissionais do magistério público da educação básica. A matéria será votada durante a reunião do Conselho Nacional de Educação, no dia 2 de abril, às 10 horas, no auditório do CNE, em Brasília. É fundamental a presença de representantes da categoria à votação, como forma de pressionar a aprovação da matéria.

domingo, 22 de março de 2009

BEM AMIGOS!!!!!


Falta exatamente uma semana para o início da Temporada 2009 do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Eu como um fã fervoroso deste esporte (na verdade, um esporte burguês, uma vitrine do sistema capitalista decadente) estou contando os minutos para a madrugada de sexta (quando haverá os treinos na TV).

Este ano a Fórmula 1 promete. Em 2009 veio o maior pacote de mudanças nos últimos 26 anos. A última que lembro que provocou tantas mudanças nos carros foi em 1983, quando a FIA proibiu o efeito-solo na categoria, e os carros que surgiram vieram completamente diferentes do ano anterior. É só lembrar da Brabham de Nelson Piquet e a Williams de Keke Rosberg. (Putz, seus filhos estão na Fórmula 1 atual!!)
Essas mudanças talvez provoquem um verdadeiro cavalo de pau na categoria. A McLaren está mal, tanto que Norbert Haug, dirigente da Mercedes no time, já falou que seus carros ficaram no fim do grid em Melbourne. Já a Brawn acredita que poderá até disputar o título desse ano (o que acho bem improvável).
Bom, o que importa é que vem surpresas por aí. Acredito que o Rubinho possa fazer um ano razoável, talvez o último de sua carreira. Felipe vai precisar suar para se estabelecer como primeiro piloto na Ferrari, algo que mesmo sendo vice ano passado ainda não está definido. Já Nelsinho Piquet, aquele que a dois anos acreditava pra caramba, precisa provar o nome que carrega.
Sobre a regra de pontuação, ainda bem que o senhor Mosley e o senhor Ecclestone voltaram atrás diante da enorme resistência por parte das equipes. Idéia idiota de dar o campeonato para o piloto que vencer mais provas no ano, mesmo com menos ponto. Foi uma vitória das equipe e do bom senso, mas acredito que o sistema de pontuação deva mudar.
Gosto da idéia dos descartes, usados pela última vez em 1988 quando Ayrton Senna foi campeão pela primeira vez. Aliás ele só foi campeão graças a essa regra, pois Alain Prost teve mais pontos somados. Os descartes não só valorizam as vitórias, como também os segundos e terceiros lugares. Mas não concordo com a elevação dos pontos. Fica parecendo a aberração da Nascar americana. Dez pontos deve continuar a pontuação máxima.


Para terminar, para quem gosta de raridades dos anos 80, achei no blog do Flávio Gomes algumas fotos muito interessantes. São de Jacarepaguá, provavelmente 1980 ou 1981. São de uma época que modelos de biquinis minusculos podiam posar para fotos encostadas nos carros sem serem atacadas pelos seguranças de Bernie Ecclestone (se fosse o Max Mosley, ele mesmo atacaria). Quem quiser ver as fotos, visite meu orkut.


Bom, comecem a preparar o torresmo e a cerveja que o circo da Fórmula 1 já está chegando!!

sábado, 21 de março de 2009

Safado! Sem vergonha!!

Navegando na Internet, recebi um e-mail do meu amigo Diego, professor de Lorena. Ele me mandava um artigo que dizia que o governo federal aumentou o repasse do FUNDEB para auxiliar os governos estaduais e as prefeituras a pagarem o Piso Salarial Nacional de R$ 950,00. Que bom, pensaria alguns. O problema é que os mesmos governos estaduais e prefeituras NÃO ESTÃO PAGANDO O PISO! Isso mesmo. O piso não existe e o dinheiro está vindo. Agora pergunto ao "querido" senhor Aécio Neves (por azar nosso, o governador de Minas): Onde está meu piso? O que o senhor está fazendo com o dinheiro que era para ele?

Caros colegas professores e profissionais da Educação, precisamos começar a se mobilizar para grande GREVE GERAL NACIONAL PELO PISO deste já. Essa vai ser a campanha mais importante dos últimos anos.

Então, vamos lá!!

sexta-feira, 20 de março de 2009

A realidade de nossa educação e o que precisamos fazer

Cássio Diniz
Professor de História e Sociologia da Escola Polivalente Caxambu


Gostaria de começar com uma pergunta pertinente: Para que serve a escola hoje? Esta questão parece estranha, vinda de um professor. Mas é pelo fato de vir de um educador que ela se torna importante, principalmente com a evidência da crise educacional brasileira.
Uma coisa devemos ter em mente. A escola atual é bem diferente de 30 anos atrás. A começar com o público alvo. Era o tempo em que a escola, principalmente o antigo colegial (clássico ou científico), tinha como objetivo preparar para a universidade, jovens de uma elite cultural, originários da elite econômica e de classes médias em ascensão. Os alunos, em alguns casos, eram selecionados por provas, dependendo do futuro desejado. Para os demais se findava o caminhar educacional. Era a seleção “natural” que uma educação excludente tinha na época.
Com o êxodo rural e o crescimento urbano de nossa sociedade, esta característica se transforma. Inicia-se um processo de massificação da educação. Os primeiros objetivos é de garantir o ensino fundamental para todos (o antigo primário, e depois o ginásio). Vencido este obstáculo iniciou-se a expansão até o atualmente conhecido Ensino Médio, completando a Educação Básica.
Algumas pessoas, principalmente aquelas de opiniões bastante conservadoras e elitistas, afirmam esta a causa da atual crise da educação. O problema não foi a massificação. Educação para todos é umas das grandes reivindicações sociais deste a Revolução Francesa, no século XVIII. A questão é que esta expansão não foi acompanhada de políticas públicas adequadas e a falta de uma remodelação do pensar pedagógico adaptado a esta realidade.
Os governos dos últimos 15 anos (leia-se FHC e Lula) têm procurado fazer esta expansão sem aumentar geometricamente as verbas destinadas à educação básica, sempre procurando esticar o dinheiro para cada vez mais estudantes. Em muitos destes últimos anos, a verba para o ensino brasileiro foi menos de 10% do PIB nacional. Um desrespeito a própria constituição federal, que defende este mínimo.
Isso tem reflexos nos estabelecimentos de ensino, tanto do lado físico, quanto do humano. O crescimento da massa de professores veio acompanhado de uma precarização de suas condições de trabalho. Isso reflete diretamente na qualidade de ensino de nossas escolas.
A outra face desta moeda é o pensar pedagógico, já citado anteriormente. Até hoje as nossas universidades, públicas e privadas, tem nos ensinado um modelo de ensino antigo e arcaico, em desacordo com a atual realidade. São raras as faculdades de educação que fizeram esta reciclagem.
Hoje aplicamos ainda um modo de educação que não faz parte da realidade econômica e social atual. Desconsideramos o novo público alvo, originário da periferia e, por diversas razões alheias, não observam a escola como seu “espaço”.
Olhemos a nossa escola. Originalmente pensada como escola-modelo de um projeto americano, onde os alunos eram jovens de grandes “expectativas”, hoje ela enfrenta os mesmos problemas de outras escolas do Brasil. Jovens desmotivados, professores idem. E assim vamos criando uma massa com diplomas, mas, no geral, impossibilitada de enfrentar uma realidade competitiva (não que defenda esta “realidade”)
Como não podemos esperar um milagre, devemos partir para a ação. A primeira é buscarmos, através de nossas reivindicações, uma nova política educacional por parte do Estado. Mais investimentos na educação e valorização do magistério são necessidades primordiais.
Mas o segundo é mais importante e vital ainda. É preciso repensarmos a educação. Não podemos simplesmente ser conteúdistas e pensar em vestibulares e concursos. É preciso pensar a educação como formadora de seres humanos, sujeitos sociais e atores de sua própria realidade. Para isso devemos adaptar os nossos conteúdos com a realidade de nosso público. Só assim venceremos a barreira do verdadeiro ensino.
Temos em nossa escola jovens extremamente inteligentes, capazes de se tornarem ótimos profissionais, formadores de opinião e transformadores sociais. Devemos valorizar suas características próprias, valorizando aspectos que não se restringem aos dogmas educacionais, que infelizmente perpetuamos no nosso dia-a-dia.

“As contribuições (ou a falta delas) do anarquismo para o processo revolucionário e o papel dos socialistas revolucionários”

por Cássio Diniz
professor de História e Sociologia do Estado de Minas

(publicado em agosto de 2006)

Aproveitando-se deste momento, onde o conjunto do povo brasileiro, e sendo mais específico, o conjunto da classe trabalhadora brasileira, está diretamente ou indiretamente discutindo a atual conjuntura eleitoral de nosso país, acreditamos ser necessário iniciar uma discussão sobre uma verdadeira alternativa para os trabalhadores, com o objetivo de aprofundarmos a luta para sua libertação perante a classe opressora. Mas para chegarmos a este objetivo, é necessário aprofundarmos um debate entre as diferentes correntes da esquerda revolucionária atual: o anarquismo e o marxismo.
Primeiramente gostaríamos de fazer uma pequena análise de conjunto sobre o anarquismo e sua proposta perante a construção de uma estratégia revolucionário. Podemos notar que nas últimas duas décadas houve um crescimento bastante considerável de idéias anarquistas e anarcófilas entre a vanguarda do movimento de massas mundial. Isto está profundamente ligado ao processo de “crise das esquerdas”, ou como dizia o intelectual americano Francis Fukuyama “crise final da ideologia socialista” e o “fim da história”. Esta crise, casado com o que o argentino Martin Hernandes chama de “vendaval oportunista” que atingiu partidos e aparatos tradicionais da esquerda (reformistas ou revolucionários), fez com que aparecesse (ou reaparecesse) com força as críticas diretas ao marxismo. Principalmente agora, quando o governo Lula, eleito sobre a esperança popular por mudanças profundas na sociedade e na sua engenharia socio-econômica, os trai, não só no campo das idéias (abandono por completo de reivindicações históricas dos trabalhadores), mas também ao adquirir os velhos hábitos das raposas dos partidos burgueses (corrupção, etc.)
Em meio a tudo isso o ideal anarquista aparece como o caminho mais racional e libertário (e único) para a emancipação da classe trabalhadora. Mas será mesmo? Será que existe mesmo razão para os anarquistas e anarcófilos acreditar que o processo de burocratização e traição dos velhos aparatos da esquerda está inteiramente ligado ao marxismo? Ao acreditar neste fatores as pessoas poderão estar cometendo um erro grave, e também histórico.
A principal crítica dos anarquistas em relação ao marxismo é em acreditar que qualquer tipo de tentativa de disputar a consciência das massas pela via da discussão política em combate contra os agentes políticos burgueses é se adequar ao sistema e aos próprios aparatos burgueses. Este posicionamento é composto friamente devido a sua concepção ideológica, desde os tempos de Bakunin, passando por Kropotkin, e chegando até os atuais, como Noam Chomsky. A base ideológica do anarquismo parte quase que exclusivamente na negação do materialismo histórico e dialético proposto por Marx. Como diria o professor Maycon Bezerra: “Bakunin pensa a história da humanidade avançando a partir do desenvolvimento humano, das idéias, e não, como em Marx [...], do desenvolvimento das forças produtivas materiais, das relações sociais de produção e dos antagonismos de classe aí engendrados”.
A partir desta citação podemos identificar o caráter puramente ideológico do anarquismo, e por isso deixa de lado uma análise social e econômico mais profunda do desenvolvimento das relações de classes. Ao deixar de lado esta análise, os anarquistas se aprofundam num grande equivoco.

Se o desenvolvimento histórico está condicionado ao avanço das idéias e ao ímpeto da vontade, descolados de qualquer base material concreta, Bakunin pode afirmar que a revolução socialista (ou diretamente comunista), e o socialismo mesmo, independem de qualquer condição objetiva para sua realização. Qualquer sociedade em qualquer tempo histórico pode ser palco de uma revolução socialista, da implantação do socialismo e da abolição do Estado se os revolucionários souberem ‘despertarem os instintos populares, levando as massas mais empobrecidas e oprimidas da população à luta revolucionária.(BEZERRA)

Esta prática ideológica, casado com a falta de uma análise científica da sociedade humana, coloca o anarquismo em profundas contradições em determinadas épocas ou períodos fundamentais para a classe trabalhadora, que acabam contribuindo para a imposição da ideologia burguesa.
Em se falando de proletariado, parece que os anarquistas não deixam claro quem seria o sujeito social de um processo revolucionário, sendo ele anarquista ou socialista. Bakunin (e depois Kropotkin) afirmou que o sujeito social seria a “flor do proletariado”. Mas ele não deixa claro quem seria esta flor. O máximo em que se avança nisso é que a camada mais oprimida e subjugada da sociedade se colocaria como sujeito da revolução em função de sua miséria coletiva, seus instintos, suas paixões. (uma análise bem subjetiva, falando a verdade). Simplesmente deixa de lado se o sujeito social faz ou não parte de uma determinada posição na estrutura produtiva e nas relações sociais de produção.
Outra máxima do anarquismo, a idéia de que qualquer tipo de organização, baseado na construção de um instrumento de luta classista (o partido operário revolucionário e/ou demais outras formas de tal) acarretaria na burocratização e na imposição do coletivo sobre o individual (a eterna luta pelo princípio da liberdade individual, herança do ideal iluminista francês do século XVIII) Negar a organização política da classe é base fundamental da teoria de Kropotkin. É acreditar na inexistência das relações sociais, na coletividade e no trabalho único (mais uma contradição anarquista). Defender este posicionamento é negar à classe trabalhadora a construção de seus próprios instrumentos de luta de sua emancipação, e também neste caso, negá-los a disputa política. Como Marx e Engels sempre ressaltaram, a construção do partido operário revolucionário pela vanguarda do proletariado e a participação ilimitada, direta e controladora das massas trabalhadoras, é vital para o sucesso de um processo revolucionário.
A partir deste debate, caímos em outro, em relação a participação nas eleições do chamado regime democrático burguês. Para nós socialistas revolucionários (marxistas) é absolutamente claro que os processos eleitorais são terrenos da classe burguesa, pela qual conseguem, através da imposição de uma ideologia da classe dominante e por seu poder econômico, se perpetuar no controle do Estado e da sociedade. Para nós é impossível qualquer tipo de transformação profunda através das eleições burguesas que possa trazer realizações de fato à classe trabalhadora. Isto é claro, inegável e em concordância com os anarquistas. Mas o que nos difere é que acreditamos que a vanguarda do proletariado, organizado no partido operário revolucionário, com um programa claramente classista e de esquerda, tem como dever aproveitar o cenário de discussão política para disputar a consciência das massas. Apontar alternativas reais para as transformações profundas e iniciar uma isenção entre a população para sim, tendo influência necessária, conscientizar e centrar fogo nas lutas diretas do proletariado. Como diria a máxima “só a luta muda a vida”.
Acreditar que, se ausentando da disputa política e da disputa pela consciência das massas é fortalece-los ainda mais é incompreensível e inconseqüente. É deixar espaço cada vez maior para as velhas raposas da burguesia e os novos oportunistas traidores se perpetuarem no controle, não só do Estado, mas da sociedade e da sua consciência. Novamente vemos que este movimento político é puramente idealista e nada científico.
Mas ressaltamos que estas críticas sobre esta ideologia não tem como objetivo reduzir os militantes anarquistas, que tem honestamente seu caráter proletário, e que durante muitos anos dedicaram sua vidas em prol da emancipação da classe trabalhadora. Procuramos aqui somente discutir sobre diferentes pontos de vistas e buscar uma compreensão maior de nossa sociedade e objetivando um bem comum à todos nós. Por isso façamos um chamado à todos aqueles interessados, a iniciarem um debate profundo e sério, não só no campo das ideais, mas também na construção de uma alternativa real para a nossa classe.

domingo, 15 de março de 2009

Onde está o meu queijo?


Gostaria de aproveitar para fazer uma reclamação. Cadê o nosso piso salarial nacional? Até agora não o vi, e você?
É triste saber que a Lei Federal que cria o Piso Salarial de R$ 950,00 não saiu do papel, graças aos nossos governantes. Só para ter idéia vários governadores entraram na justiça (entre eles nosso excelentíssimo governador Aécio Neves) contra a implementação da Lei. Muitos prefeitos também seguiram a boiada. Não podemos esquecer que esta lei além do aumento salarial para professores “até” 40 horas/aulas semanais, prevê o uso de 1/3 do cargo para atividades profissionais extra-classe, isto é, de caráter pedagógico (preparação de aulas, reuniões, etc.).
Isso é valorização da Educação senhor Aécio Neves?
Parece que estamos naquele comercial dos celulares Oi, o mundo dos absurdos. É um absurdo um governo entrar na justiça contra os professores. É um absurdo um governo falar em investimentos na educação quando um professor ganha R$ 500,00 de salário base e um funcionário de escola ganhar menos que um salário mínimo. E olha que já tenho um Oi!!!
Infelizmente aqui em Minas Gerais não temos um sindicato atuante. O SindUte se burocratizou e não tem mais insenção na classe. Não consegue mobilizar os professores e está distante deles. Sinto falta da época que militava junto com os companheiros da Apeoesp de São Paulo. Sub-sedes em quase todas as cidades, atuação constante, mobilização permanente, greves reais e conquistas de verdade. Isso ainda não vi aqui em Minas.
Pior estão os professores municipais. A grande maioria ganha menos que os professores do estado, não tem sindicatos (normalmente era para ser o sindicato de servidores de cada cidade) e estão sob regime de censura e perseguição.
O mundo dos absurdos. E olha que tenho um Oi!!!

Estupro e Excomunhão


Este pequeno poema foi escrito e postado por Everaldo no blog do Kotscho. É sobre o caso da excomunhão em massa feito pelo arcebispo de Olinda e Recife. Como já falei para vocês, vivemos no mundo dos absurdos. Um arcebispo condena a vítima e perdoa um estuprador! Pergunto: Até quando a burocracia das Igrejas (qualquer delas) vai parar de se intrometer em nossas vidas? Nenhuma delas paga as minhas contas!!

E agora meu caro bispo
Depois desta confusão
Será que não caberia ?
Tua auto-excomunhão ?

Pois o rolo que causaste

Por não saber se calar
Deu origem a tantas brigas
Aqui mesmo, foi de lascar
E agora? Nossos pecados
Quem é que os vão pagar?

O que será de dona Aurora

Que já tava com um pé no céu
Por causa desta tua asteira
Me maltratou pra dedéu
Pecou tanto a veinha
Que a salvação foi pro beleléu

E a situação do Arruda ?

Que em defesa do sinhô
Xingou tanto palavrão
Que até o Diabo asustô
Nos diga o que ele faz ?
Pois São Pedro não quer mais ele
Taum pouco o quer Satanás.

Da próxima vez vossa eminência

Pense bem o que falar
Pense nas conseqüências
Que isto pode causar
Pois senão vossa eminência
Vai se autoexcomungar.

sábado, 14 de março de 2009

Voltei!!

Desculpe à todos a demora de quase uma semana, mas voltei para postar aqui meus textos. Esses dias foram corridos: em casa, no trabalho, etc. Mas no final tudo deu certo!
Em breve Amauri Pinto, coordenador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da unidade de Caxambu e Eu estaremos lançando a Revista "Educação em Debate" (nome provisório). Esta revista tem como objetivo servir de base para o diálogo dos profissionais em educação da região acerca deste universo. Acredito que seja a primeira iniciativa aqui na região deste porte.
Estamos em fase de projeto ainda, mas temos previsão de lançá-la em breve. Por isso não percam. Se você é professor, profissional em educação, estudante ou interessado pelo assunto, entre em contato conosco e envie seus artigos. Nós aguardaremos.

Concepções de educação e um esboço de propostas

por Cássio Diniz
professor de História e Sociologia do Estado de Minas Gerais

baseado no caderno de Teses do XIX Congresso da Apeoesp


Quando debatemos sobre a crise da educação pública brasileira, normalmente deixamos de lado uma discussão necessária, acerca da concepção de educação, baseada numa escola pública, laica e gratuita.
A educação deve estar voltada para um projeto classista, atendendo a diversidade étnica e de gênero, garantindo o acesso à educação em igualdade de condições aos filhos e filhas dos trabalhadores, apontando ainda para uma escola autônoma e democrática, tanto na gestão como na aplicação de recursos, capaz de resistir aos interesses do capital e avançar na luta pela sua superação.
Possibilitar interdisciplinaridade, garantir um currículo que dê conta da apropriação/construção/reconstrução do conhecimento, rompendo com o método de avaliação classificatório e com a seriação, mantendo ciclos que não se confundam com a promoção automática, enfrentando a exclusão, bem como propor um projeto de formação para o conjunto dos profissionais, além de jornada que lhes dê as devidas condições de trabalho e salários dignos.
A construção desse projeto só terá êxito na medida em que trabalhadores em educação e comunidade escolar conseguirem de fato realizar uma frente estratégica rumo ao objetivo comum: A educação pública-estatal, laica e gratuita.
Subjacente ao projeto educacional atual, está um modelo de sociedade mercadológica, subordinado a qualidade total nos ditames da lógica capitalista, na medida em que introjeta em professores e alunos, ideários de produtividade, eficiência e competitividade e separa aqueles que elaboram o conhecimento daqueles que o executam.
Se disputamos um projeto de sociedade, está claro que essa disputa passa também pelo campo da educação, e por isso torna-se necessário defender uma formação docente com perspectiva classista, de modo a preparar o educador para transcender o senso comum através de pressupostos teóricos que o evidenciem e o questionem, impulsionando-o a se perceber como um trabalhador comprometido com a luta de classes.
Para isso, é necessário que haja políticas de formação continuada para prosseguir seu trabalho, aliando ensino, pesquisa e extensão, elementos indissociáveis do processo pedagógico. Tais políticas devem coincidir com uma jornada racional, cujo salário deve ser suficiente para a formação e informação.
Esta visão objetiva conscientizar os educadores para a construção de um projeto de educação na perspectiva dos trabalhadores, encarando a educação como parte importante da superação da opressão de classes, entendendo a apropriação/construção/reconstrução do conhecimento como arma de enfrentamento político e revolucionário.
Quanto à gestão do sistema, é necessário superarmos o paradigma da divisão entre administrativo e pedagógico. As ações administrativas, tanto na unidade escolar como nas superintendências de ensino, devem ser entendidas a partir da inter-relação de unidade com as ações pedagógicas. Em outras palavras, as atividades administrativas em educação devem ser eminentemente pedagógicas.
A partir deste pequeno esboço espero poder contemplar diversos parâmetros acerca de um projeto de educação, que lógico, não se encontra completo ou fechado. Diante disso torna-se necessário a ampliação deste debate dentro do conjunto dos profissionais, afim de buscarmos uma ideário único de educação.

domingo, 8 de março de 2009

Vamos à LUTA!!!!

por Cassio Diniz
Professor de Historia e Sociologia do Estado de Minas

No último dia 6 (sexta-feira) os profissionais da Educação das Superintendências de Ensino do Estado de Minas e das secretarias de escolas estaduais paralisaram em todo o estado, onde reivindicaram aumento salarial. Neste dia também ocorreram manifestações em frente as superintendencias.
Isso ocorreu aqui em Caxambu. Na verdade é, deste que cheguei a cidade (há três anos atrás), a primeira vez que vejo uma mobilização como esta aqui. Um marco, na verdade. Por isso não pude deixar de aproveitar deste momento para ensinar e mostrar aos meus alunos uma manifestação de trabalhadores por suas reivindicações na prática.

Foi muito bom, apesar da moilização ter sido bastante tímida. Mas para os meus alunos foi algo realmente novo. Pelo fato de morarmos no interior, para muitos foi uma experiência nova. Lembro de alguns garotos me perguntando toda hora: A polícia vai aparecer para bater na gente? Expliquei que na maioria dos casos isso não acontecia e que o direito a manifestação está garantido na Constituição. Apesar de tudo, acho que ainda estamos numa democracia.

Do ponto de vista pessoal, acredito que esta paralisação e a manifestação seja um exemplo a ser seguido pelas demais categorias da educação mineira, principalmente entre os professores. Não podemos esquecer que o "senhor Aécio Neves" entrou na justiça (junto com demais outros governadores) contra a Lei do Piso Nacional do Magistério. Precisamos nos organizar e lutar pela nossa valorização profissional. Não podemos apenas chorar, mas LUTAR.

Em breve será convocada uma Greve Nacional pelo Piso Nacional, e precisamos nos mobilizar deste já para a greve e para as manifestações que podemos organizar em nossa região.

Como dizem: Somente a Luta muda aVida!

Dia 8 de março: Parabéns à vocês mulheres!!

por Cássio Diniz
professor de História e Sociologia do Estado de Minas


Parabéns mulheres, em especial as mulheres normais, simples e batalhadoras: trabalhadoras. Mães, irmãs, esposas, profissionais, que esse dia venha com muitas homenagens!

Mas não podemos esquecer que o 8 de março deve ser um dia para lembrarmos da importância da luta pela emancipação real das mulheres. Não podemos esquecer que ainda hoje a mulher é vítima de várias formas de violência, tanto física quanto moral.

Num sistema (capitalista) que vigora a extrema exploração dos seres humanos, as mulheres, como os negros, os jovens, os homosexuais, as minorias em geral sofrem uma violência constante. Por isso devemos lembrar que esse dia é dia de luta!!

Então parabéns à todas!!

A luta continua!

Educadores de RN entram em greve

Fonte: CNTE (3 de março)

Professores das redes estadual e municipal do Rio Grande do Norte estão em greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada ontem, durante Assembléia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (SINTE) que reuniu cerca de mil trabalhadores no colégio estadual Winston Churchill, em Natal.
Segundo Janeayre Almeida de Souto, Diretora de Organizações do SINTE, a pauta de reivindicações inclui a implementação do Piso Nacional, levando em conta o Plano de Carreira do Magistério – Lei complementar 322/06; política de valorização dos funcionários administrativos, realização do Pro funcionários e diluição da GME no salário dos funcionários.
A rede estadual tem cerca de 35 mil professores e 12 mil funcionários, distribuídos em 725 escolas para atendimento a 330 mil alunos. A coordenadora geral (SINTE), Fátima Cardoso, explica que a categoria não ficou satisfeita com a posição da Secretaria Estadual de Educação ante as reivindicações. ‘‘O governo só sinalizou com a intenção de pagar parte das promoções, relativas apenas aos processos abertos pelos professores nos últimos cinco anos. Mesmo assim, o governo quer dividir em 24 meses, com repasses de janeiro de 2010 e dezembro de 2011’’, informa. ‘‘Todos os professores têm direito a aumento quando concluem uma pós-graduação, por exemplo, mas o pagamento dos atrasados dos processos abertos nos últimos cinco anos só beneficiaria 20% do pessoal da ativa. Queremos que o benefício seja para o conjunto da categoria’’, reclama.
Com a paralisação, os cerca de 60 mil alunos distribuídos nas 66 escolas e centros infantis do município de Natal também ficam sem aula por tempo indeterminado. Para o professor de educação física, Hudson Gutemberg, a greve era mesmo necessária. ‘‘Sou a favor da greve para que haja valorização da educação, dos professores e para que a sociedade entenda que o sistema adotado atualmente transforma o aluno em um cordeirinho’’, disse.
Os professores do município cobram, ainda, a reposição de 34% referente às perdas salariais dos últimos 13 anos; inclusão dos educadores infantis no plano de cargos carreiras e salários dos profissionais da educação; fim da avaliação de desempenho apenas do professor, mas sim, do sistema de educação. ‘‘Tentamos várias vezes negociar com o secretário de Educação, mas ele foi categórico e informou que só vai resolver o que ficou definido pela administração anterior: pagar 12% em abril referente ao total de 34% das perdas salariais desde 1995’’, afirmou Fátima.
Com informações do Diário de Natal

A crise da educação pública como reflexo de uma sociedade contraditória (2007)

por Cássio Diniz
professor de História e Sociologia do Estado de Minas


Apresentação

O presente texto tem como objetivo iniciar um debate acerca da crise da educação pública em que nos encontramos. Diante de uma situação amplamente discutida entre os profissionais da educação, mas poucas vezes elevadas ao debate sério entre os mesmos (a comunidade acadêmica mais próxima desta realidade) surge a possibilidade de avançarmos na compreensão da atual conjuntura educacional, tanto a níveis internacional e nacional, como também regional e local. Ressalto novamente que este texto não poderá ser considerado como fim sobre si mesmo, e que este debate deve avançar com contribuições de diferentes pontos de vista, incluindo aqueles que apontem as sua contradições.
Este primeiro texto procurará fazer uma análise mais histórica, devido a natureza do professor que aqui vos escreve. Uma análise que busque as razões e motivos que servirá de base ao atual projeto educacional (que já conhecemos como falido). Ele buscará também fazer uma análise internacional e nacional da educação e por fim identificar os problemas diretos e indiretos da educação e relacioná-los com a sociedade em que se encontra.
Ressalto aqui que a matriz metodológica usada nesta análise será calcado sob uma perspectiva marxista, que considero ideal para este tipo de trabalho. Pelo fato do uso desta análise, este trabalho poderá encontrar resistência entre alguns colegas profissionais da área. Aproveito aqui para fazer um convite para que estes posicionamentos sejam aproveitados neste debate.


Uma análise histórica do papel da educação nas sociedades

A educação terá, ao longo da história, diversas interpretações sobre seu papel diante de diversas sociedades na história da humanidade. Mas em todas (ou quase todas) poderemos encontrar elementos profundos que as colocará dentro de uma mesma categoria de objetivos impostos e desejados pelos respectivos grupos dirigentes.
Ao analisarmos as primeiras sociedades humanas, também conhecidas como sociedades primitivas, veremos a existência de uma organização social baseada na coletividade geral. Isto é claramente esclarecedor pelo fato que de nestas sociedades inexistia as divisões de classes sociais. Sociedades coletivas, em outras palavras, sociedades onde não havia qualquer tipo de exploração e opressão “social” (digo social porque a opressão do mais velho sobre o mais novo, do homem sobre a mulher, entre outros, não caracteriza opressão social, isto é, de uma classe que usa deste instrumento para usufruir do trabalho alheio).
Como todo trabalho era coletivizado dentro destas sociedades, os conhecimentos sobre o trabalho tinham que igualmente coletivizado. As técnicas de plantio, de caça, de coleta, de construção de abrigos, etc., era de direito à todos da comunidade. Esta coletividade é essencial para a sobrevivência da sociedade. Esta transferência de conhecimentos acerca da sobrevivência do homem pode ser considerada então como o primeiro modelo e objetivo da educação.
Aos passar dos anos (milhares de anos) as antigas sociedades primitivas deram lugar as sociedades divididas em classes sociais, resultado das divisões de trabalhos intelectuais e manuais e o apoderamento de recursos materiais (riquezas) por parte de uma minoria, surgindo a classe minoritária dos possuidores (que detinham o controle dos meios-de-produção de riquezas, como a terra e as ferramentas) e a classe majoritária dos despossuídos (que por isso mesmo necessitando sobreviver se submete a primeira). Resultado direto desta divisão social é o surgimento de um instrumento que manteria e defenderia este novo status quo, o Estado[1], sobre controle da classe minoritária.
Este novo instrumento, o Estado, necessitará, ao longo dos anos, de profissionais que possam dar cabo a administração da sociedade. O censor, o escriba, os militares e demais funcionários necessários para o controle do Estado e da sociedade deverá ser preparados para suas funções. A simples transferência de conhecimentos usados nas antigas comunidades primitivas se torna obsoletas. A educação a partir de então encontra novos contornos.
Nestas primeiras sociedades divididas socialmente, a educação terá como objetivo preparar profissionais que terá o controle do Estado. Desde o engenheiro egípcio responsável pela construção de um canal, até o escriba responsável pelo controle burocrático das letras governamentais serão formados sobre a responsabilidade de assumirem o controle do Estado. E como o Estado é um instrumento da classe dominante, estes futuros profissionais serão escolhidos entre a elite. Este novo modelo de educação já nasce excludente e elitista.
Mas mesmo tendo este objetivo, a educação não vai ser encarada como responsabilidade direta do Estado, mas sim da classe dominante. Isto torna-se claro ao estudarmos as sociedades escravocratas, como a grega e a romana. Os futuros funcionários e dirigentes (principalmente aqueles que, devido a circunstâncias especiais destas sociedades especificas, se tornaram sujeitos políticos dentro da chamada “democracia” grega e/ou romana) receberam uma educação com o objetivo claro de sua formação. Para isso, deste jovens, receberiam uma educação diretamente de sábios e intelectuais (muitos deles filósofos sofistas) oriundos de sua própria classe, e recompensados por eles.
A educação então, nestas sociedades que acabo de me referir, continuará sendo uma educação elitista, isto é, somente a classe dominante a teria, objetivando a conservação do controle estatal e social segundo seus próprios interesses. A plebe e aos escravos não resta opção senão o trabalho duro na produção das riquezas usufruídas pelas mesmas minorias.
Passado os anos e com o advento da Idade Média, a educação ganha novos contornos. O conhecimento vira quase que o monopólio do clero, onde somente a nova classe social dominante (nobreza) teria acesso através de seus filhos que iam estudar nos monastérios, assim formando os novos dirigentes, que substituiriam seus pais, ou no feudo, ou junto com a corte. Ao servo, o único conhecimento a que tinha direito era aquele que o seu pai lhe passava: o trabalho duro na terra produzindo para o seu senhor.
Na segunda metade da Idade Média, veremos surgir as primeiras universidades, conseqüência direta do florescimento das grandes cidades, como Paris, Londres, Conventry, etc. A necessidade de novos conhecimentos faz com que ocorra uma explosão educacional neste tempo. Mas esta explosão se restringiria somente a classe dominante, necessária de contínua formação de profissionais para o controle da sociedade. Junto a isso a introdução de um novo elemento social (futuramente uma classe) dentro deste contexto, contribuiria para esta explosão educacional: o burguês. A burguesia, ao longo do tempo adentraria neste mundo e devido ao seu poder econômico se encontraria dentro deste processo educacional
Ressalto aqui que em todos os momentos históricos até aqui retratados a educação foi responsabilidade direta da classe dominante. O Estado, até então, não havia se responsabilizado diretamente para a educação, mesmo sendo para a própria elite. Esta situação somente começou a mudar no final da Idade Média, e mais consistentemente durante a Idade Moderna.
Com o advento das revoluções burguesas, a nova classe social dominante verá que é necessário o Estado, por eles controlados, a assumir a responsabilidade pela educação e formação de seus dirigentes. O Estado então toma para si o controle da educação objetivando a preparação da nova elite. Começou então os investimentos pesados nas universidades, centros dos mais avançados conhecimentos técnicos e científicos. Mas somente os filhos da burguesia, a real interessada, teria acesso a esta educação. Como diria Martinho Lutero: a instrução constituía uma fonte de riqueza e de poder para a burguesia, mas também não é certo estender este benefício às massas populares. Como pensavam a época, para que os trabalhadores urbanos e camponeses teriam a educação, se o objetivo deles não era estar no controle da sociedade?

[1] Segundo a definição de Marx: o Estado é o instrumento de domínio da classe social dominante (O Estado é o comitê central da classe dominante)

Pelo piso, professores farão greve nacional

Artigo do site do Sindute MG
26 de fevereiro de 2009

Até o momento a maioria dos estados e municípios ignora a legislação em vigor desde 1ª de janeiro de 2009 e não aplica o piso salarial nacional do magistério. Diante disso, a CNTE dará continuidade à mobilização nacional pela implementação do piso salarial e ao longo do mês de março, sindicatos filiados à nossa entidade decidirão em assembléias estaduais a data do início da greve nacional.
O Piso salarial nacional é uma reivindicação histórica da CNTE, é um instrumento de valorização profissional e de correção de distorções salariais entre os educadores de todo o país. A Confederação teve um papel importante para a promulgação da lei e agora mais do que nunca, não vamos deixar de pressionar por sua implementação, independentemente da decisão liminar do STF.
Professor é um profissional que precisa ser respeitado. Sua capacitação, formação, valorização, e fundamentalmente, sua motivação para ensinar são fatores que fazem a diferença para elevar a qualidade da educação pública no Brasil. Um salário digno é o mínimo que se espera para esses profissionais que têm sob sua responsabilidade o futuro de milhares de estudantes.
O Piso Salarial Nacional além de uma necessidade é uma questão de justiça. Por isso, vamos usar o direito de greve para chamar a atenção dos dirigentes estaduais, municipais e da sociedade para a urgência de sua implementação. O piso é lei e não abriremos mão de fazê-la valer.

Fonte: CNTE Informa 470, publicado em 26 de fevereiro de 2009

Minha primeira vez...

Olá caros amigos!
Me desculpe pela pouca familiarização com este espaço. Estou entrando hoje no mundo dos blogues e erros podem aparecer nestes primeiros momentos. Mas sei que vocês compreendem e me perdoaram.
Este blog tem como objetivo servir de espaço para a publicação de artigos e textos de minha autoria. É uma forma encontrada de poder publicá-los, já que desistir de tentar a mídia impressa.
Espero que vocês gostem. Aproveitem!!