Espaço de diálogo e publicação de artigos e textos do professor Cássio Diniz (cassiodiniz@hotmail.com)
sábado, 24 de abril de 2010
Personagens da greve: Hoje, Maria de Fátima
Desabafo de uma Educadora
O presente diz respeito às políticas públicas de Minas Gerais. Sou Inspetora Escolar efetiva por 10 anos e nunca me deparei com situações de politicagens tão degradantes como as que temos vivenciado.
Como a atuação do Inspetor acontece diretamente nas escolas, preocupo-me muito com cada aluno da instituição, que para mim não é um número a ser considerado, mas um nome que tem um vida familiar, afetiva e social.
Acontece que no último mês, preocupados com o número de reprovações que seriam divulgados nas campanhas eleitorais vindouras, a SEE/MG determinou às Superintendências Regionais de Ensino que aprovassem para os anos posteriores, os alunos retidos em 2009, mesmo não estando com as competências e habilidades mínimas do ler, escrever e calcular desenvolvidas. Isso significou que um aluno reprovado no 3º. ano (2ª. série), mas que tivesse 11 anos, mesmo não sabendo ler ou escrever, foi "promovido" automaticamente para o 6º. ano (5ª. série).
Ora, a LDB 9394/96 prevê a retenção ao final de cada ciclo. Em havendo a retenção nos ciclos dos anos iniciais é porque os alunos não possuem condições mínimas de prosseguirem seus estudos. E para que se chegue a essa conclusão, creio que muitos recursos são utilizados, claro que com algumas exceções.
Mas, isso não é o que mais me preocupa. O que me preocupa é o Joãozinho, a Mariazinha, o Zezinho, a Romilda e tantos outros saindo do 5º. ano (4ª. série) sem ler e escrever, tendo que enfrentar, no mínimo 5 professores que entrarão em sala, darão sua aula em módulos de 50 minutos, irão para casa e não estarão nem ai para os problemas desses alunos, se eles sabem ou não ler ou escrever. Não porque não querem, mas porque a jornada dupla de trabalho, devido ao baixo salário, não deixa que se preocupem com seus alunos. E ao final do ano, o que acontece? Retenção... E a auto-estima desses alunos??? E a aprendizagem de cada um deles??? Quem cuidou de sua aprendizagem??? Se permanecessem nos anos iniciais estariam sendo amparados por um professor recuperador, pelo Projeto Escola de Tempo Integral, pelo professor para o ensino do uso da biblioteca, pelo próprio professor regente. E nos anos finais??? Por quem serão atendidos? Antecipo a resposta: por ninguém. E por quê? Por que a SEE/MG não fornece recursos humanos para atender a esses tipos de necessidades. Há inclusive escassez de professores em diversas disciplinas. Temos professores que foram efetivados pela Lei 100/2007 sem concurso público, graduados em Normal Superior, que habilita para atuar apenas nos anos iniciais do Ensino Fundamental e que ministram aulas de Física, Biologia, Matemática, Língua Portuguesa e outras no Ensino Médio.
Fico decepcionada com a políticagem em meu Estado. Prejudicar alunos por questão de números e gráficos que possam fazer bonito nas campanhas eleitorais está além das sujeiras humanas.
Desrespeitar os princípios constitucionais e as normas legais educacionais em função de dados estatísticos é degradante.
Ver o ser humano como um "zé ninguém" que deve ser desrespeitado em seu direito de aprender e aprender para poder viver sua cidadania é desumano.
Como se não bastasse, esses alunos acabaram de ser posicionados nos anos posteriores após terem sido retidos ao final dos ciclos (isso significa que foram posicionados agora em abril, após terem frequentado 3 meses o ano da retenção) e já estão totalmente desabientados, além do que estão com muitas dificuldades, visto que não leem, não escrevem ou calculam. Alguns não fazem nem o processo de reversibilidade. Já imaginou como será difícil aprenderem uma equação de 1º. grau??? Coloque-se no lugar de um aluno como esses. Como se sentiria??? Como acha que se sairia????
Creio que deve estar se questionando: "- Poxa, mas porque ela não faz esse desabafo com a própria Secretária Vanessa Guimarães?".
Respondo de prontidão: " Não se desabafa ou se reclama com o pai da criação, pois ele sempre achará que o seu filho é bonito demais para ser questionado ou talvez ele esteja dançando a música que lhe pedem para dançar..."
Há também um outro fato a ser denunciado, tão grave quanto o desabafo acima.
Em julho próximo haverá uma avaliação externa (Proalfa), na qual serão avaliados os alunos que estão nos anos finais dos ciclos. Ora, os alunos que estavam retidos nesses anos ainda são alunos com muitas dificuldades e que até a data da avaliação não seriam sanadas. Logo, porque não aprová-los para que não sejam avaliados em julho e os resultados sejam melhores? Assim Minas terá uma colocação melhor na classificação geral do Brasil. A solução encontrada, então, foi determinar que esses alunos fossem aprovados para os anos posteriores, como descrito acima.
Bom, creio que já falei demais...
Sinto-me mais aliviada, mas continuo preocupada com minhas crianças e incapacitada para ajudá-las.
Espero em Deus a solução para elas e confio nas urnas para colocarmos à frente do nosso Estado, pessoas que se preocupam com pessoas e não com seus "bolsos" e status.
Enfim, a esperança é a última que morre... espero não morrer depois dela... rsrsrs
sexta-feira, 23 de abril de 2010
É Cássio Diniz na ESPN Brasil
Abraços
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Convocação do Sind-UTE Caxambu e Região
A LUTA CONTINUA, E CADA VEZ MAIS FORTE!
ASSEMBLÉIA REGIONAL DE TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO.
ÀS 16H30
NA ESCOLA RUTH MARTINS DE ALMEIDA (CAXAMBU)
Sind-UTE realiza seu maior ato em cidades históricas:
No dia da Inconfidência Mineira, a mobilização teve um forte significado simbólico, já que foi realizada em terra de democracia e liberdade. “É sabido, por todos, que São João del-Rei é terra de poetas, artistas, músicos, políticos e politicagem. Por isso, nesse dia de tantas comemorações cívicas, é de grande importância que essa cidade seja palco de mobilização e reivindicações sociais”, disse Maria Nazaré dos Santos, diretora do Sind-UTE.
Em Assembleia, a categoria votou pela continuidade da paralisação. “Esse é o nono dia da greve. Sabíamos das dificuldades, mas tínhamos um objetivo claro: a notificação dos vergonhosos salários praticados pelo Estado. A greve continua até que os políticos nos proponham algo concreto”, declarou a coordenadora do Sind-UTE, Biatriz da Silva Cerqueira.
“Salários de fome”
Em média 75% dos professores da Rede Estadual de Ensino estão em greve. Eles pararam porque o governo de Minas Gerais não cumpre a Lei Federal nº. 11. 738 – que estipula o piso salarial dos profissionais de educação em R$ 1312, 85 reais. Contracheques lidos na manifestação exemplificam os vencimentos irrisórios recebidos pelos profissionais da educação: uma professora magistrada ganha R$ 369,00; um professor com nível superior, R$ 481,00 e um auxiliar de educação, R$ 315,00 reais. “Isso não é novidade. Temos que denunciar os péssimos salários e fazer com que a sociedade entenda e apóie a greve”, falou Biatriz Cerqueira.
Para José Luiz Rodrigues, diretor do Sind-UTE, educação, saúde, moradia e democracia estão enforcadas em Minas Gerais. “O mundo da fantasia de Aécio Neves e Antônio Anastasia é feito de enganação, eles acabaram com a cidadania. Os professores precisam trabalhar três turnos para conseguirem sobreviver com seu salário de fome”, afirmou Rodrigues.
Negociações
Dia 14 de abril, representantes do Governo e Sindicato se reuniram, mas não foi apresentada nenhuma proposta. “Queremos um piso salarial de R$ 1312,85 para uma jornada de 24 horas e nível médio de escolaridade. A greve está em crescimento, cada vez mais municípios estão aderindo. Isso mostra a força dessa greve em Minas Gerais”, ressaltou Biatriz Cerqueira.
Desmedalhamento
Ao final do ato, os líderes do Sind-UTE fizeram a “Cerimônia de Desmedalhamento”, uma espécie de homenagem vergonhosa prestada ao IPSEMG, à Mídia, a Antônio Anastasia e Aécio Neves, entre outros.
Sindicato e Forte e Atuante depende da participação de todos (as).
domingo, 18 de abril de 2010
Comissão pró-subsede do Sind-UTE de Caxambu e região se reúne com o superintendente regional de ensino Marcelo Figueiredo
O objetivo principal da reunião foi a abertura ao diálogo entre os representantes dos trabalhadores em educação da rede estadual da região e o do Estado de Minas Gerais. A pauta contou com quatro principais pontos: 1) Apresentação da pauta de reivindicações da categoria; 2) esclarecimentos sobre o direito de greve dos servidores e possíveis retaliações; 3) corte de ponto dos grevistas e da operação tartaruga; 4) questionamento sobre o reagrupamento dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental que foram reprovados.
Dado o conhecimento da pauta de reivindicações da categoria, passou-se aos demais itens da pauta. Sobre o segundo ponto, o Diretor II da SRE, Profº Marcelo, disse que não há por parte da SRE qualquer tentativa de barrar o movimento grevista e que não existe, até o momento, qualquer procedimento de punição aos participantes do movimento grevista. Ele esclareceu que os dias parados, deste movimento, são classificados como FALTA GREVE, e recebem código diferente das faltas injustificadas. Assim estas faltas não contariam para o cancelamento dos contratos dos designados. Por outro lado, ele informou que pode ter havido problema de comunicação com os diretores das escolas.
Sobre o terceiro ponto, ele informou que até o momento não recebeu qualquer instrução sobre o corte de ponto dos dias da “Operação Tartaruga” e, que o mesmo não ocorrerá até que receba ordem de Belo Horizonte/SEEMG. Questionado sobre a necessidade de julgamento por parte do Ministério do Trabalho sobre a ilegalidade da greve para se cortar o salário, ele informou que apenas segue orientação da SEE-MG e que isso deverá ser levado à mesma.
E por último, sobre a questão pedagógica, o profº Marcelo informou que segue orientação da SEE-MG para reagrupar os alunos, dizendo ser necessário acabar com a cultura da reprovação e prometeu acompanhamento aos alunos com dificuldade. Questionado sobre o caráter político de tal ação, ele preferiu não comentar e sugeriu argumentar diretamente a Secretaria Estadual de Educação.
sábado, 17 de abril de 2010
Professores e Trabalhadores em Educação fazem manifestação em São Lourenço
A manifestação contou com a participação de professores e trabalhadores de São Lourenço, Caxambu, Carmo de Minas, Dom Viçoso e Pouso Alto. Além disso, pais e alunos expressaram seu apoio à causa acompanhando a passeata.
Durante o ato os manifestantes denunciaram as mentiras do governo estadual, como já pagar o piso e ter um ensino de excelência. E anunciaram que uma caravana da região irá para São João Del Rey participar do grande ato pela implementação do piso salarial, a ocorrer na cidade no dia 21 de abril.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Notícia sobre a Assembléia Regional de Trabalhadores em Educação de Caxambu e região
Nesta assembléia os profissionais da educação decidiram em votação a adesão da categoria à greve por tempo indeterminado, já em andamento em todo estado e aprovado a sua continuidade em assembléia estadual realizada no mesmo dia em Belo Horizonte.
Também foi eleita uma nova comissão pró-subsede do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) de Caxambu e região, que terá como objetivo organizar o movimento grevista e a construção da subsede regional.
Por último votou-se encaminhamentos para os próximos dias. Foram aprovadas duas atividades, uma manifestação em São Lourenço no dia 17/04 na praça central às 10h00, e outra uma caravana para a assembléia estadual em São João Del Rey no dia 21/04, onde também ocorrerá uma manifestação no mesmo dia.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Nota pública da comissão pró-subsede do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) de Caxambu e região
No último dia 8 de abril, em assembléia estadual realizada em Belo Horizonte, a categoria votou o inicio da greve por tempo indeterminado. Nós, da região do Circuito das Águas, também realizamos uma Assembléia Regional, no qual a plenária votou pela Operação Tartaruga, como forma de construirmos a greve que poderá ser iniciada dia 15 por aqui.
Muitas escolas da região estão aderindo ao movimento. Debates entre os profissionais da educação ocorrem a todo momento. Reuniões pipocam em várias cidades. A campanha está viva e em movimento. A mobilização da categoria está na ordem do dia.
Nesta semana, como já foi dito, estão ocorrendo várias reuniões por escolas e por cidades. Na segunda-feira (12) os professores do turno da tarde da Escola Ruth Martins se reuniram e decidiram a continuidade da operação até o dia da Assembléia Regional (15). No mesmo dia mais de 50 professores das escolas de São Lourenço se reuniram no auditório da E.E. Mario Junqueira Ferraz e votaram a continuidade do movimento, a fim de construírem a greve. Já na terça-feira (13) professores da E.E. Felizarda Russano (Pouso Alto) e demais das cidades próximas se reuniram e estão encaminhando a sua mobilização. Ainda hoje ocorrerá mais uma reunião, desta vez em Carmo de Minas, que aliás, já estão em greve (isto é, com suas atividades paralisadas). Demais escolas de Cruzília, Soledade e Baependi estarão se reunindo ainda.
É o momento da luta, e a cada dia a mobilização está ficando cada vez mais forte. Mas é também nestes momentos que se inicia a contra-ofensiva por parte do Estado, representado na região pela figura da Superintendência Regional de Ensino. Nós da comissão já recebemos informes de que a SRE local está tentando desarticular o movimento dos trabalhadores através de coerção, desmotivação, desmobilização através de falsas premissas e até mesmo ameaçando os participantes do movimento com faltas, descontos e até ocorrências.
Nós professores e trabalhadores em educação, em nenhum momento podemos aceitar esta afronta por parte da SRE. Não podemos abaixar a cabeça diante de tais colocações e devemos seguir em frente com o nosso trabalho de construção deste movimento maravilhoso. Não somos cordeiros para sermos tratados deste jeito. É o momento de juntarmos cada vez mais as forças e juntos conquistarmos o nosso direito a dignidade profissional e humana.
E além do mais, todos os trabalhadores brasileiros têm o direito à greve, previsto pela Constituição Federal de 1988 (artigo 9º e também pela lei nº 7.783/89). Nenhuma pessoa pode ser punida ao exercer seu direito. Se algo do tipo acontecer, a justiça dos trabalhadores terá que prevalecer. Qualquer um que sofra ameaças ou retaliações, entrem em contato conosco.
Para fortalecermos esta nossa ação conjunta, pedidos, ou melhor, convocamos todos os trabalhadores em educação da rede estadual a estar presente na Assembléia Regional do dia 15 de abril, às 16h30, no salão da E.E. Ruth Martins de Almeida (Caxambu), para estarmos debatendo e votando os rumos de nosso movimento. É importante a participação de todos porque a Assembléia é soberana e vai definir a nossa linha de atuação em toda a região.
Venha você também para a luta! UNIDOS, SOMOS MUITO MAIS FORTES!!!
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Nota do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) de CAxambu e região
Contando com a participação de representantes de escolas de Caxambu, Baependi, Cruzília, São Lourenço, Carmo de MInas, Conceição do Rio Verde, Pouso Alto e Soledade de Minas, a assembléia iniciou com um balanço do movimento dos professores na região e um informe da Assembléia Estadual realizada horas antes em Belo Horizonte, que decidiu pela greve. A partir de então abriu-se para intervenções da plenária, onde os trabalhadores puderam expor suas opiniões, levantar dúvidas e propor idéias para a continuidade e crescimento da luta.
Ao final foram três propostas apresentadas: 1) Operação Tartaruga com aulas de 30 minutos ate´o dia 15, com indicativo de greve e assembléia no mesmo dia; 2) greve por tempo indeterminado com assembléia no dia 15; 3) não adesão a greve e não à operação tartaruga. A proposta vitoriosa foi a primeira.
A partir desta segunda-feira (algumas escolas já iniciaram nesta sexta) as escolas iniciarão a operação tartaruga, ao mesmo tempo que se realizará uma verdadeira ofensiva nas comunidades e demais escolas da região para buscar maior adesão e apoio das pessoas.
É importante o apoio e a cooperação de todos nesta luta. UNIDOS SOMOS MUITO MAIS FORTES!!
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Uma ajudinha ao Jornal Brasil de Fato
Infelizmente no Brasil a grande mídia é controlada por uma elite que forma uma oligarquia dos meios de produção, ligada a interesses políticos particulares, característica comum do capitalismo.
Mas as vezes conseguimos furar este monopólio e surgem jornais que buscar colocar uma visão dos socialmente e politicamente excluídos. O jornal Brasil de Fato consegue a anos cumprir com este papel, fazendo o milagre de editar o periódico em impresso-papel, algo incomum no Brasil para um jornal de grande circulação. Tudo bem haver críticas quanto a sua tendência petista, mas também abre espaço para várias críticas ao governo Lula, mas sob uma ótica de esquerda.
domingo, 4 de abril de 2010
IMPOSTO SINDICAL
O Sindicato defende uma forma de atuação sindical baseada na autonomia e liberdade e, consequentemente, que a manutenção da entidade seja feita pela contribuição voluntária de cada trabalhador/a em educação, e não de maneira involuntária como o imposto sindical.
Mas infelizmente o pedido não foi acatado pela SEPLAG. A secretaria ignorou os sindicatos e efetuou a cobrança do imposto sindical no pagamento dos servidores públicos de Minas Gerais neste mês.
O imposto sindical foi criado na década de 30 durante a ditadura de Getúlio Vargas, como forma de atrelar os sindicatos pelo Estado. Do total do dinheiro recolhido, parte é dividida entre as instâncias sindicais e o Ministério do Trabalho, que repassa esse valor para o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador. Desde o ressurgimento do sindicalismo independente no final da década de 70, defende-se o fim deste imposto.
Direito de greve do servidor público
Gostaria de postar aqui um trecho de um texto do advogado do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) subsede de Cataguases. Dêem uma olhada:
Portanto, o direito à greve é consagrado. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, na ausência de uma lei específica para a greve no serviço público – como reza no inciso VII do Artigo 37 – vale a lei do direito de greve da iniciativa privada, ou seja, a Lei 7.783/89, com pequenas modificações.
Além disso, cabe lembrar que deixar de comparecer ao serviço em virtude da greve é uma atitude protegida constitucionalmente pelo inciso VIII do artigo 5º da CF, porque quem age assim o faz motivado por convicção íntima de que é através deste ato (participar da greve) que o objetivo de uma categoria profissional será atingido."
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Álbum sobre rodas
A História de que quero falar é de um pequenino carro chamado Lepo P2, da Suzuki. Meu pai adquiriu um quando morávamos no Japão. É um carro no tamanho do inglês MiniCooper, com um pequeno motor de 860cc e que fazia em torno de 25 km por litro de gasolina. Ao contrário dos 90% dos carros no Japão, o Lepo P2 era câmbio manual. O único luxo: ar condicionado com ar frio e quente. Luxo maior ainda: um toca-fitas jurássico onde meu pai tocava sempre a mesma fita (Mastruz com Leite).
Como trabalhávamos como dekasseguis (isto é, muito) a única diversão nossa era pegar o pequeno carrinho e passear pelas estradas próximas de Hamamatsu nos domingos. Me lembro que com apenas 1.000 ienes (equivalente a 8 dólares) enchiamos o tanque e dirigiamos a tarde inteira.
O engraçado que eu não conseguia dirigir o carrinho. Não pelo tamanho, mas sim pela posição da direção. Como todo mundo sabe, lá no Japão a mão é "inglesa". Então todo o instrumental é o inverso do que estava acostumado no Brasil. Ao dar seta ligava o limpador de párabrisa e quando queria passar a marcha, batia a mão na maçaneta da porta. Perdi as contas de quantas "quase" batidas tive por lá.
A última lembrança que tenho dele é de apesar de ser um carro de pequeno valor e pau-pra-toda-obra, meu pai chorou escondido atrás de casa quando teve que vender pois iríamos voltar ao Brasil em 2002.