Gostaria de publicar aqui um texto escrito pelo professor de São Paulo, Wilson da Cruz, sobre a adesão de seus colegas à greve que já dura quatro semanas. Dêem uma olhada:
Todos nós educadores já passamos por situações em sala de aula em que é necessário descobrir o culpado por algo de errado que tenha ocorrido e, quase sempre nos deparamos com o silêncio dos colegas que sabem quem é o culpado. Eles silenciam. Ninguém fala. Ninguém denuncia. Pode perguntar o quanto quiser que a resposta não aparece. Com muito custo se obtém a revelação do dono da culpa por alguém que a revela sigilosamente, no anonimato e não ali naquele momento.
Na maioria das vezes os educadores condenam esse comportamento de proteção e ocultação que existe entre os alunos, principalmente por se tratar de algo errado, um exemplo que não pode ser seguido, entretanto muitos educadores podem aprender muito com essa maneira do grupo agir.
Agindo dessa forma os alunos demonstram algumas virtudes, mesmo sabendo que esses momentos não sejam os melhores para revelarem tais espíritos, mas, o espírito de união fica escancarado em uma situação como essa. Também o espírito de solidariedade, companheirismo e irmandade acabam se revelando. Nessas revelações um agente ainda muito mais rico também fica a mostra. A força.
Eles se defendem e se unem desse modo mesmo sabendo que encobrem algo que não é certo. Imagine essa força quando se for defender algo que acreditam ser correto. É muito mais poderosa.
Nesse momento de paralisação de professores quero repudiar aqui essa falta de união da nossa categoria e isso, não é apenas conversa de professor grevista. ESTOU EM GREVE SIM, NÃO SÓ POR MELHORES SALÁRIOS. ESTOU EM GREVE POR NÃO SUPORTAR MAIS ESSE MODELO DE ESCOLA PÚBLICA QUE VIVEMOS. NÃO EXISTE ALGO MAIS FRACASSADO EM NOSSO PAÍS DO QUE A ESCOLA PÚBLICA. ESTOU EM GREVE PORQUE SEI QUE SOU VÍTIMA DE INJUSTIÇAS E MENTIRAS E MUITO ME INCOMODA FAZER PARTE DESSE FRACASSO.
Mesmo assim, com toda convicção e experiência que tenho da realidade da escola pública, no contexto geral, apesar de mostrar tantos guerreiros gloriosos, nosso movimento é fraco. O número de professores que lutam e gritam por não suportarem mais tanto descaso é pequeno quando comparado com a totalidade. Mas, o que podemos esperar?
Apenas a parcela que realmente tem garra, dignidade e acredita que seu trabalho tem realmente valor e não se conforma mais com essa realidade está dando um exemplo muito glorioso de raça. Coragem e dever de luta são jóias que não estão para todos.
O direito de aceitar ou não, paralisar ou não, faz parte das suas possibilidades Sr. Educador e deve ser respeitado por todos. Vivemos e buscamos uma democracia, cada vez mais ampla. Mas dói muito saber que a intelectualidade e o nível de consciência da grande maioria da nossa categoria não estão a altura da indignação e do protesto. Muito menos ainda se pode esperar do dever.
A grande maioria da nossa categoria age como se não fizesse parte disso. É lamentável se esconder por de trás de tantas desculpas e, todos nós temos nossos motivos. Porém, não se pode negar a omissão, a imparcialidade e até mesmo a covardia e o parasitismo que existe em nosso meio. Infelizmente é o retrato que acaba sendo revelado. O retrato das carências, debilidades e submissão.
Muitos de nós ficaremos sem o próximo pagamento e vamos estar em apuros enquanto veremos tantos dos nossos “colegas” sem esse problema. Porém, algo de muito reluzente estará em nossas faces. A nobreza da dignidade e o espírito de coragem de guerreiro permanecerão em nossas cabeças erguidas.
Nesses raros momentos em que podemos mostrar força só podemos contar com a minoria, entretanto, me sinto melhor e consolado por saber que entre nós existem tantos demonstrando idealismo, coragem, rejeição ao fracasso e combatendo a opressão.
A todos os colegas educadores que não participam, não aderem, fingem não ter relação com tudo isso - quero afirmar que continuarão a ser respeitados e confesso que tenho procurado entender que cada um tem seu motivo pelo comportamento alienado. Sei que apesar do salário que faria falta no final do mês e de tantas outras penalidades que poderia sofrer, com certeza deixaria seu nome “arranhado” no sistema. É compreensível.
DIRIGENTES, SUPERVISORES, DIRETORES e outros que recebem alguns míseros a mais para fazer parte e ajudar a manter toda essa opressão se omitindo de enfrentar essa péssima qualidade das nossas escolas públicas, demonstram comportamento lastimável e vergonhoso não só pela proteção escandalosa que garantem a continuidade deste mal que corrói, oprime e mantém a continuidade, mas, principalmente por demonstrar AUSÊNCIA DE DEVER E RESPONSABILIDADE SOCIAL para ajudar a exigir mudanças. Pela posição que ocupam na hierarquia deveriam assumir a linha de frente dessa batalha. Tal comportamento se não é criminoso é imoral e garante a continuidade da condição de submissão da população escolar.
Apesar de continuar lhes respeitando profissionalmente Sr.(a) “Educador (a)”...tal respeito vai estará carente do “neon”...da aura que enobrece nossa personalidade, nosso caráter e nosso senso de justiça e honestidade.
Aos grevistas, parabéns. Já são vitoriosos!
Prof. Wilson G. da Cruz – em apoio a luta
dos professores em defesa da escola pública.
Março - 2010
Na maioria das vezes os educadores condenam esse comportamento de proteção e ocultação que existe entre os alunos, principalmente por se tratar de algo errado, um exemplo que não pode ser seguido, entretanto muitos educadores podem aprender muito com essa maneira do grupo agir.
Agindo dessa forma os alunos demonstram algumas virtudes, mesmo sabendo que esses momentos não sejam os melhores para revelarem tais espíritos, mas, o espírito de união fica escancarado em uma situação como essa. Também o espírito de solidariedade, companheirismo e irmandade acabam se revelando. Nessas revelações um agente ainda muito mais rico também fica a mostra. A força.
Eles se defendem e se unem desse modo mesmo sabendo que encobrem algo que não é certo. Imagine essa força quando se for defender algo que acreditam ser correto. É muito mais poderosa.
Nesse momento de paralisação de professores quero repudiar aqui essa falta de união da nossa categoria e isso, não é apenas conversa de professor grevista. ESTOU EM GREVE SIM, NÃO SÓ POR MELHORES SALÁRIOS. ESTOU EM GREVE POR NÃO SUPORTAR MAIS ESSE MODELO DE ESCOLA PÚBLICA QUE VIVEMOS. NÃO EXISTE ALGO MAIS FRACASSADO EM NOSSO PAÍS DO QUE A ESCOLA PÚBLICA. ESTOU EM GREVE PORQUE SEI QUE SOU VÍTIMA DE INJUSTIÇAS E MENTIRAS E MUITO ME INCOMODA FAZER PARTE DESSE FRACASSO.
Mesmo assim, com toda convicção e experiência que tenho da realidade da escola pública, no contexto geral, apesar de mostrar tantos guerreiros gloriosos, nosso movimento é fraco. O número de professores que lutam e gritam por não suportarem mais tanto descaso é pequeno quando comparado com a totalidade. Mas, o que podemos esperar?
Apenas a parcela que realmente tem garra, dignidade e acredita que seu trabalho tem realmente valor e não se conforma mais com essa realidade está dando um exemplo muito glorioso de raça. Coragem e dever de luta são jóias que não estão para todos.
O direito de aceitar ou não, paralisar ou não, faz parte das suas possibilidades Sr. Educador e deve ser respeitado por todos. Vivemos e buscamos uma democracia, cada vez mais ampla. Mas dói muito saber que a intelectualidade e o nível de consciência da grande maioria da nossa categoria não estão a altura da indignação e do protesto. Muito menos ainda se pode esperar do dever.
A grande maioria da nossa categoria age como se não fizesse parte disso. É lamentável se esconder por de trás de tantas desculpas e, todos nós temos nossos motivos. Porém, não se pode negar a omissão, a imparcialidade e até mesmo a covardia e o parasitismo que existe em nosso meio. Infelizmente é o retrato que acaba sendo revelado. O retrato das carências, debilidades e submissão.
Muitos de nós ficaremos sem o próximo pagamento e vamos estar em apuros enquanto veremos tantos dos nossos “colegas” sem esse problema. Porém, algo de muito reluzente estará em nossas faces. A nobreza da dignidade e o espírito de coragem de guerreiro permanecerão em nossas cabeças erguidas.
Nesses raros momentos em que podemos mostrar força só podemos contar com a minoria, entretanto, me sinto melhor e consolado por saber que entre nós existem tantos demonstrando idealismo, coragem, rejeição ao fracasso e combatendo a opressão.
A todos os colegas educadores que não participam, não aderem, fingem não ter relação com tudo isso - quero afirmar que continuarão a ser respeitados e confesso que tenho procurado entender que cada um tem seu motivo pelo comportamento alienado. Sei que apesar do salário que faria falta no final do mês e de tantas outras penalidades que poderia sofrer, com certeza deixaria seu nome “arranhado” no sistema. É compreensível.
DIRIGENTES, SUPERVISORES, DIRETORES e outros que recebem alguns míseros a mais para fazer parte e ajudar a manter toda essa opressão se omitindo de enfrentar essa péssima qualidade das nossas escolas públicas, demonstram comportamento lastimável e vergonhoso não só pela proteção escandalosa que garantem a continuidade deste mal que corrói, oprime e mantém a continuidade, mas, principalmente por demonstrar AUSÊNCIA DE DEVER E RESPONSABILIDADE SOCIAL para ajudar a exigir mudanças. Pela posição que ocupam na hierarquia deveriam assumir a linha de frente dessa batalha. Tal comportamento se não é criminoso é imoral e garante a continuidade da condição de submissão da população escolar.
Apesar de continuar lhes respeitando profissionalmente Sr.(a) “Educador (a)”...tal respeito vai estará carente do “neon”...da aura que enobrece nossa personalidade, nosso caráter e nosso senso de justiça e honestidade.
Aos grevistas, parabéns. Já são vitoriosos!
Prof. Wilson G. da Cruz – em apoio a luta
dos professores em defesa da escola pública.
Março - 2010
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