domingo, 16 de agosto de 2009

Um pouquinho de aula.

Desculpe pela chatice (aula no domingo), mas não é nada cabuloso. Gostaria de postar aqui um texto que acabo de produzir e que vou passar para alguns alunos do EJA que foram trasnferidos para a minha turma. Eles estão com a matéria um pouco atrasada e esse texto vai ajudá-los a entrar no ritmo. Lá vai:

Do Brasil Colônia à Independência

Como todos nós sabemos o Brasil foi uma colônia do reino de Portugal entre 1500 e 1815, permanecendo sob seu controle até 1822 quando ocorreu o episódio conhecido na história como o Grito do Ipiranga. Mas o processo de Independência do Brasil começou muitos anos antes, envolvendo diversos sujeitos sociais desde o século XVIII.

Durante este período ocorreram diversas rebeliões anti-coloniais que questionavam o domínio português sobre o Brasil. Dentre elas a mais famosa é a Inconfidência Mineira de 1789. Ela foi um movimento organizado por membros da elite colonial mineira, entre eles fazendeiros e mineradores, que estava temerosa em perder suas riquezas e seus privilégios, frente a ameaça de derrama (cobrança de impostos atrasados) anunciado pelo governo português. Os participantes mais famosos foram Tomás Antonio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto, Padre Rolim e Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), o único não oriundo da classe dominante. É importante ressaltar também a crise do ciclo-do-ouro que a região estava sofrendo, levando esta elite a querer alguma transformação no sistema colonial vigente na época.

Não podemos esquecer que este movimento foi elitista, deixando de lado a participação e os anseios do povo em geral (escravos e trabalhadores livres pobres). A Inconfidência Mineira não saiu do planejamento, pois foi denunciada por um de seus membros, Joaquim Silvério dos Reis. Os principais dirigentes foram presos, mas a maioria foi solta em pouco tempo. Os únicos mortos foram Cláudio Manoel (suicídio) e Tiradentes, condenado a forca para servir de exemplo, em 21 de abril de 1792.

Outros movimentos ocorreram, como a Conjuração Baiana. Do ponto de vista da ação, os baianos estavam muito a frente de seus colegas mineiros, além de contar com a participação de vários setores sociais, entre fazendeiros, comerciantes, profissionais liberais, homens livres pobres e escravos. Ocorrido em 1798 em Salvador, eles foram inspirados pela Revolução Francesa e desejavam a independência do Brasil e a criação de uma República, além da libertação dos escravos. Mas infelizmente também não foi para frente e seus líderes foram presos, e muitos deles foram executados. Alguém lembra dos nomes deles? (soldado Lucas Dantas do Amorim Torres; aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira; soldado Luís Gonzaga das Virgens; e mestre alfaiate João de Deus Nascimento)

Em Pernambuco no ano de 1817 também ocorreu uma rebelião. Lá os revoltosos chegaram a tomar o poder e instauraram uma república, mas devido a desacordos entre seus lideres fez com que eles fossem repreendidos pelo governo português.

Mas algo iria mudar no Brasil. Na Europa Napoleão Bonaparte, no poder da França desde 1799, havia dominado politicamente e militarmente quase todo o continente, e o país a lhe fazer oposição era a Inglaterra. Desejando derrotá-los Napoleão decreta o Bloqueio Continental, afim de sufocar os ingleses economicamente. Este bloqueio consistia em proibir qualquer país do continente em realizar comércio cm a Inglaterra. Como os portugueses eram dependente desse comércio, eles o desrespeitaram. Não deu outra. Em novembro Napoleão invadiu Portugal.
Como não tinha forças para enfrentar os franceses, o príncipe-regente D. João VI decidiu fugir com sua corte para o Brasil, instalando um governo no exílio. Auxiliados pelos ingleses, a frota portuguesa atravessou o Atlântico e aportou no Rio de Janeiro em março de 1808.
A partir de então ocorreram várias transformações. D. João abriu os portos brasileiros às nações amigas (Inglaterra) e isso provocou o fim do monopólio colonial. Além disso transformou o Rio de Janeiro na capital do Reino Português, lhe concedendo grandes vantagens. A elite colonial brasileira foi a grande beneficiada pois obteve liberdade comercial que antes não havia. Em 1815 o Brasil foi elevado a categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves.
Mas em 1820 ocorre em Portugal a Revolução do Porto. Napoleão já havia sido derrotado e a burguesia portuguesa chegava ao poder. Estes exigiam que D. João VI voltasse para a Europa e aceitasse a nova constituição. Além disso exigiam a volta do Brasil a condição de colônia e obediência ao sistema colonial antigo.

Esta última exigência foi de encontro ao desejo da elite brasileira. Receosos em perder espaço econômico, eles começaram a desejar a autonomia e a independência do Brasil. E viram na figura do príncipe Pedro a liderança necessária neste momento. Em 1821 a situação avançara bastante, chegando a ruptura com Portugal em setembro de 1822, no famoso Grito do Ipiranga.

É interessante notar a não-participação do povo em geral neste fato. A elite brasileira temiam sua participação pois não desejava as mesmas reivindicações: libertação dos escravos, regime republicano, etc. A ruptura com os portugueses deveria ser o menos impactante, preservando muito do antigo sistema vigente. Só para lembrar, o líder da independência, príncipe D. Pedro, era português.

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