sábado, 3 de outubro de 2009

Fenômeno: já querem cortar a CLT pelas Olimpíadas

por Leonardo Sakamoto
do Blog do Sakamoto

Eu tinha certeza! Nem bem as comemorações pela escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 começavam na praia de Copacabana e arautos do capitalismo salve-se-quem-puder foram à mídia para dizer que o Brasil não conseguirá realizar as obras necessárias com as leis atuais. Na opinião deles, para ter sucesso na “remodelação” urbana, será imprescindível uma reforma trabalhista que torne mais barata a mão-de-obra (tradução: direitos trabalhistas, tchau, tchau) e mudanças urgentes nas leis ambientais para agilizar projetos que podem causar impacto ao meio (tradução: aprovação a toque de caixa, sem intromissão do governo, para a alegria de investidores que querem ver áreas de preservação convertidas em construções).

A cara-de-pau é tamanha que eles nem mais escondem que querem usar as Olimpíadas como justificativa para derrubar dois “entraves” ao “progresso”: o povo e sua qualidade de vida. Afinal, o lucro em primeiro lugar.

Acho sensacional que o Brasil sedie os Jogos. Mas é claro que muita gente vai tentar fazer deles justificativa para tudo e, pior, usá-lo para enriquecimento ilícito. Óbvio que temos desafios importantes como nação, como garantir educação a todos, saúde de qualidade, uma reforma agrária, universalizar direitos. Mas não é fugindo de determinados desafios que vamos conseguir vencer nossos problemas. Da corrupção generalizada aos modelos errados de desenvolvimento, a construção de 2016 será um bom momento para encará-los de frente e mostrar que somos sérios. Um bom começo é deixar as carpideiras do capital falando sozinhas, sem dar peso às suas fúteis palavras.

A guerra de discursos usando as Olimpíadas já começou e vai durar sete anos. Temos que ficar atentos e ir à luta para garantir que a ladainha dos que querem “liberdade total” tendo como justificativa o desenvolvimento não continue sendo entoada. Nossa maior conquista será a de que podemos construir um evento que deixe um legado de dignidade à população e não seja um instrumento de sua exploração.

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