Hoje (25 de abril) completou os 39 anos da grandiosa Revolução dos Cravos em Portugal. Um fato tão importante como esse não poderia ser esquecido. Esta revolução foi um dos processos mais interessantes da década de 70 e quase criou um país socialista em meio a Europa Ocidental.
Até então Portugal vivia sob a ditadura salazarista, que nos últimos anos estava sob o controle de Marcelo Caetano. Era um dos países mais atrasados da Europa Ocidental graças ao isolamento político e submisso às potências imperialistas (EUA, Inglaterra). Além disso Portugal tinha um império colonial que já iniciara o seu desmoronamento.
A década de 70 iniciou com profundas contradições sociais internas. O povo português, principalmente trabalhadores, estudantes e intelectuais, cansados de anos de ditadura, questionavam cada vez mais o regime. Seguindo esta tendência, jovens oficiais do exército português também começaram a analisar criticamente o regime principalmente como causa das Guerras de Ultramar (guerras coloniais portuguesas). Neste meio surgiu o Movimento das Forças Armadas (MFA, também conhecido como Movimento dos Capitães), profundamente ligado as massas populares.
Várias aquarteladas foram tentadas nos primeiros anos da década, mas se viram fracassadas. A exceção ocorreu em 25 de abril de 1974, quando o MFA consegue mobilizar diversas guarnições militares e se sublevam contra o governo. De imediato o povo apóia a insurreição. O principal sinal disso foi a adesão em massa da população nas ruas. Sem outra alternativa Caetano renuncia.
Foi formado um novo governo, sob o comando de Vasco Gonçalves. Este governo tinha participação do Partido Comunista Português e do Partido Socialista, ambos anteriormente na ilegalidade e que agora surgiam com força total.
Em meio a isso, a liberdade recém aberta faz com que os anseios populares de transformação social atinja patamares altos. Novas organizações políticas de esquerda surgiram, os sindicatos se fortaleciam e a revolução socialista estava na ordem do dia. Aliás a Revolução Socialista em Portugal era uma realidade muito próxima neste momento.
Mas infelizmente, devido as traições do PCP e do PSP (o primeiro ligado à Moscou e o segundo com o objetivo de defender a “ordem”) o processo de transformação para o sistema socialista fracassa. Os movimentos populares são esvaziados e as organizações políticas que defendiam a revolução foram enfraquecidas. Em poucos anos a possibilidade real foi derrotada.
Durante uma conversa com o professor húngaro Pál Ferenc no 5º SINAL (ocorrida em 2009) pudemos debater um pouco sobre o tema. Ferenc me lembrou bem o papel que Moscou teve para não permitir uma revolução socialista em Portugal. Fazia parte da política soviética neste momento controlar os processos revolucionários dentro do contexto da Coexistência Pacífica.
Gostaria de sugerir um filme que trata bem disso. Capitães de Abril (Portugal, 2000) mostra bem este episódio, principalmente a eclosão da Revolução em 25 de abril. Para os brasileiros há figuras conhecidas do público. Vale a brincadeira de descobrir os nomes.
Para terminar, gostaria de reproduzir um comentário do professor Valério Arcary, que tive o prazer de conhecer. Aliás esse esteve presente e participou da Revolução dos Cravos, oportunidade em que morava em Lisboa neste período:
“O que existiu de extraordinário na Revolução dos Cravos não foi o colapso da ditadura na madrugada do 25 de Abril, embora tenha sido espetacular, mas a entrada em cena de milhões de pessoas, em sua maioria trabalhadores e jovens, como protagonistas do ato revolucionário na sua seqüência”
Até então Portugal vivia sob a ditadura salazarista, que nos últimos anos estava sob o controle de Marcelo Caetano. Era um dos países mais atrasados da Europa Ocidental graças ao isolamento político e submisso às potências imperialistas (EUA, Inglaterra). Além disso Portugal tinha um império colonial que já iniciara o seu desmoronamento.
A década de 70 iniciou com profundas contradições sociais internas. O povo português, principalmente trabalhadores, estudantes e intelectuais, cansados de anos de ditadura, questionavam cada vez mais o regime. Seguindo esta tendência, jovens oficiais do exército português também começaram a analisar criticamente o regime principalmente como causa das Guerras de Ultramar (guerras coloniais portuguesas). Neste meio surgiu o Movimento das Forças Armadas (MFA, também conhecido como Movimento dos Capitães), profundamente ligado as massas populares.
Várias aquarteladas foram tentadas nos primeiros anos da década, mas se viram fracassadas. A exceção ocorreu em 25 de abril de 1974, quando o MFA consegue mobilizar diversas guarnições militares e se sublevam contra o governo. De imediato o povo apóia a insurreição. O principal sinal disso foi a adesão em massa da população nas ruas. Sem outra alternativa Caetano renuncia.
Foi formado um novo governo, sob o comando de Vasco Gonçalves. Este governo tinha participação do Partido Comunista Português e do Partido Socialista, ambos anteriormente na ilegalidade e que agora surgiam com força total.
Em meio a isso, a liberdade recém aberta faz com que os anseios populares de transformação social atinja patamares altos. Novas organizações políticas de esquerda surgiram, os sindicatos se fortaleciam e a revolução socialista estava na ordem do dia. Aliás a Revolução Socialista em Portugal era uma realidade muito próxima neste momento.
Mas infelizmente, devido as traições do PCP e do PSP (o primeiro ligado à Moscou e o segundo com o objetivo de defender a “ordem”) o processo de transformação para o sistema socialista fracassa. Os movimentos populares são esvaziados e as organizações políticas que defendiam a revolução foram enfraquecidas. Em poucos anos a possibilidade real foi derrotada.
Durante uma conversa com o professor húngaro Pál Ferenc no 5º SINAL (ocorrida em 2009) pudemos debater um pouco sobre o tema. Ferenc me lembrou bem o papel que Moscou teve para não permitir uma revolução socialista em Portugal. Fazia parte da política soviética neste momento controlar os processos revolucionários dentro do contexto da Coexistência Pacífica.
Gostaria de sugerir um filme que trata bem disso. Capitães de Abril (Portugal, 2000) mostra bem este episódio, principalmente a eclosão da Revolução em 25 de abril. Para os brasileiros há figuras conhecidas do público. Vale a brincadeira de descobrir os nomes.
Para terminar, gostaria de reproduzir um comentário do professor Valério Arcary, que tive o prazer de conhecer. Aliás esse esteve presente e participou da Revolução dos Cravos, oportunidade em que morava em Lisboa neste período:
“O que existiu de extraordinário na Revolução dos Cravos não foi o colapso da ditadura na madrugada do 25 de Abril, embora tenha sido espetacular, mas a entrada em cena de milhões de pessoas, em sua maioria trabalhadores e jovens, como protagonistas do ato revolucionário na sua seqüência”